O ácido úrico é uma das substâncias naturalmente produzidas pelo organismo. Ele surge como resultado da quebra das moléculas de purina – proteína contida em muitos alimentos – por ação de uma enzima chamada xantina oxidase. Depois de utilizadas, as purinas são degradadas e transformadas em ácido úrico. Parte dele permanece no sangue e o restante é eliminado pelos rins.
Os níveis de ácido úrico no sangue podem subir tanto porque sua produção aumentou muito, ou ainda porque a pessoa está eliminando pouco pela urina ou ainda, por interferência do uso de certos medicamentos.
Como consequência dessa taxa de ácido úrico elevada (hiperuricemia), formam-se pequenos cristais de urato de sódio semelhantes a agulhinhas, que se depositam em vários locais do corpo, de preferência nas articulações, mas também nos rins, sob a pele ou em qualquer outra região do corpo.
Estudos recentes realizados no Instituto do Coração de São Paulo mostram que níveis elevados de ácido úrico no sangue podem aumentar o risco de desenvolver acidentes cardiovasculares. Mas vamos falar sobre isso um pouco mais à frente.
Quais os sintomas de ácido úrico?
O excesso dos cristais de urato nas articulações, em geral, provoca surtos dolorosos de artrite aguda secundária, conhecida como gota, especialmente nos membros inferiores (joelhos, tornozelos, calcanhares, dedos do pé), mas pode comprometer qualquer articulação.
Claro que nem todas as pessoas com esse excesso desenvolverão gota, normalmente, essa condição tem caráter genético e hereditário, e acomete mais os homens adultos.
Nos rins, a hiperuricemia é responsável pela formação de cálculos renais (litíase renal) e insuficiência renal aguda ou crônica (nefropatia úrica).
Diagnóstico de ácido úrico
O diagnóstico de certeza é dado por um exame que mede a concentração dessa substância no sangue e exige oito horas de jejum para ser realizado.
Esse exame avalia as quantidades de ácido úrico no sangue. Ele é um subproduto das purinas, compostos encontrados nas células do corpo, incluindo o DNA. Quando as células envelhecem e morrem, elas se quebram, liberando purinas para o sangue. Em menor grau, as purinas podem vir a partir da digestão de certos alimentos, como fígado, anchova, feijão e ervilha, ou da ingestão de bebidas alcoólicas, principalmente cerveja.
O ácido úrico é removido do corpo através dos rins e é excretado principalmente na urina, sendo que uma parte também é eliminada nas fezes. Se o corpo está produzindo grandes quantidades de ácido úrico ou ele não está sendo corretamente excretado, ocorre a chamada hiperuricemia. Altos níveis de ácido úrico no sangue podem causar gota ou se depositar nos rins, causando a formação de cálculos ou insuficiência renal.
Indicações para o exame de dosagem de ácido úrico
A dosagem de ácido úrico no sangue pode ser feita para:
- Diagnosticar gota;
- Checar se o cálculo renal está ocorrendo devido ao acúmulo de ácido úrico;
- Avaliar o resultado de medicamentos que reduzem o ácido úrico sanguíneo;
- Acompanhar pacientes que estão fazendo quimioterapia ou radioterapia. Esses tratamentos destroem as células cancerígenas, que podem liberar purinas e ácido úrico no sangue.
Existem contraindicações para o exame?
Por ser um exame de sangue comum, não há contraindicações expressas para a dosagem de ácido úrico. No entanto, o médico ou médica irá dizer se você pode ou não realizá-lo.
Grávida pode fazer?
Mulheres durante a gravidez estão autorizadas a fazer o exame conforme orientação médica, não havendo contraindicações. Inclusive, o teste pode ser feito para diagnosticar toxemia gravídica, uma doença que só ocorre durante a gestação.
Como funciona o preparo para o exame
Para o exame de ácido úrico é necessário um jejum mínimo de três horas antes da coleta de sangue. Também é importante dizer ao médico ou médica quais medicamentos você toma regularmente, incluindo suplementos alimentares.
Em alguns casos, pode ser necessário interromper o uso da medicação. Entretanto, não pare de ingerir qualquer medicamento sem autorização profissional.
Como é feito?
Em um hospital ou laboratório, o exame de ácido úrico é realizado por um profissional de saúde da seguinte forma:
- Com o paciente sentado, é amarrado um elástico em volta do seu braço para interromper o fluxo de sangue. Isso faz com que as veias fiquem mais largas, ajudando o profissional a acertar uma delas;
- O profissional faz a limpeza com álcool da área do braço a ser penetrada pela agulha;
- A agulha é inserida na veia. Esse procedimento pode ser feito mais de uma vez, até que o profissional de saúde acerte a veia e consiga retirar o sangue;
- O sangue coletado na seringa e colocado em um tubo;
- O elástico é removido e uma gaze é colocada no local em que o profissional de saúde inseriu a agulha, para impedir qualquer sangramento. Ele ou ela pode fazer pressão sobre a bandagem para estancar o sangue;
- Uma bandagem é colocada no local.
Tempo de duração do exame
Um exame de ácido úrico leva poucos minutos para ser realizado, podendo demorar mais nos casos em que o profissional de saúde tem dificuldade para acertar a veia coletar o sangue.
Quais as recomendações depois do exame?
Não há nenhuma recomendação especial após o exame. O paciente pode fazer suas atividades normalmente. Como o teste pede jejum, o paciente poderá se alimentar após a coleta.
Periodicidade do exame
Não há uma periodicidade para se realizar um exame de ácido úrico. Tudo dependerá das orientações do médico e da presença ou ausência de doenças que devem ser acompanhadas pelo exame.
Existem riscos envolvidos?
Os riscos envolvidos na realização do exame de ácido úrico são extremamente raros. No máximo, pode haver um hematoma no local em que o sangue foi retirado. Em alguns casos, a veia pode ficar inchada após a amostra de sangue ser recolhida (flebite), mas isso pode ser revertido fazendo uma compressa várias vezes ao dia.
Pessoas que utilizam medicamentos anticoagulantes ou tem problemas de coagulação podem sofrer com um sangramento contínuo após a coleta. Nesses casos, é importante informar o profissional de saúde do problema antes da coleta.
Analisando os resultados
Os resultados do exame costumam ficar disponíveis em até um dia útil. A interpretação do exame ácido úrico depende da razão pelo qual foi requerido. Por isso é importante conversar com o médico ou médica para tirar qualquer dúvida.
Resultados normais
Os níveis de ácido úrico são medidos em miligramas (mg) por decilitro de sangue (dL). Os valores de referência variam conforme o sexo:
- Sexo feminino: 2,4 a 5,7 mg/dL
- Sexo masculino: 3,4 a 7,0 mg/dL
Os valores de referência mostrados aqui são apenas um guia, lembrando sempre que eles podem mudar de laboratório para laboratório. Além disso, o médico ou médica que você se consultar irá avaliar os resultados de acordo com a pessoa e suas características, como idade e doenças relacionadas.
Resultados anormais
Níveis maiores do que o normal de ácido úrico (hiperuricemia) podem aparecer devido a:
- Acidose
- Alcoolismo
- Efeitos secundários relacionados com quimioterapia
- Diabetes
- Excesso de exercício
- Gota
- Hipoparatireoidismo
- Intoxicação por chumbo
- Leucemia
- Doença renal quística medular
- Nefrolitíase
- Policitemia vera
- Dieta rica em purinas
- Insuficiência renal
- Toxemia gravídica
Níveis mais baixos do que o normal de ácido úrico podem ocorrer devido a:
- Síndrome de Fanconi
- Dieta pobre em purinas
- Síndrome do hormônio antidiurético inadequado (SIADH)
- Doença de Wilson
Outras razões que justificam a dosagem de ácido úrico são:
- Artrite gotosa crônica
- Doença renal crônica
- Lesão do rim e do ureter
Por que algumas pessoas produzem ácido úrico em excesso?
Se você sofre com a pele descamando, sabia que pode ser por causa do ácido úrico? Embora isto possa acontecer em pacientes que têm suas articulações inflamadas pelo excesso desta substância, as consequências do excesso de ácido úrico no nosso organismo são bem mais abrangentes e severas.
Considerado um produto final do metabolismo das purinas (substância encontrada em proteínas animais e vegetais que ingerimos na alimentação) não nos traz nenhum problema se circular pelo nosso sangue em níveis adequados, até 5,7 mg/dl em mulheres e até 7 mg/dl em homens, como vimos acima nos resultados normais e anormais. Até porque cumprem também determinadas funções específicas.
O problema começa quando seus níveis sanguíneos se elevam exageradamente, condição chamada de hiperuricemia, podendo se acumular em determinadas articulações sendo as mais frequentes as do hálux (dedão do pé), tornozelo, calcanhar e joelho, levando a um quadro inflamatório local bastante doloroso, ficando a região muito inchada, vermelha e com aumento da temperatura da pele da região afetada. Chamamos esta situação de gota, mais frequente em homens do que em mulheres.
O que você deve estar se perguntando é por que os níveis de ácido úrico podem se elevar no sangue? Normalmente a quantidade de ácido úrico que circula é o resultado final do total que foi produzido dentro do corpo (gerado pelo metabolismo das proteínas que ingerimos) menos a quantidade que foi excretada pelos rins.
Boa parte do ácido úrico que produzimos é jogada fora pela urina e graças à este mecanismo que ele não se acumula dentro do corpo, nos protegendo dos danos causados pelo seu excesso. Algumas pessoas geneticamente predispostas não conseguem cumprir com eficiência este passo de excretar o ácido úrico pela urina, sendo chamados pela medicina de hipo-excretores.
Já outras pessoas produzem o próprio ácido úrico de maneira exagerada dentro do organismo, sendo classificados como hiper-produtores. Para completar o problema alguns fatores extras podem atuar nas duas pontas, ou seja, aumentar a produção e diminuir a excreção do ácido úrico, como é o caso da ingestão de bebidas alcoólicas e deficiência de algumas enzimas específicas envolvidas na sua produção e metabolismo.
Qualquer que seja o mecanismo envolvido citado acima, a consequência final será o acúmulo excessivo de ácido úrico em nosso organismo, principalmente nas articulações e no próprio rim, aumentando também a chance de formar cálculos, quadro bastante desconfortável e aumentando a chance de alterar o bom funcionamento deste importante órgão.
Agora que ficou mais claro o porquê do ácido úrico se elevar dentro do corpo, vamos abordar neste artigo, maneiras de como deve ser feita sua correção.
A princípio, exames específicos serão solicitados pelo médico para diagnosticar corretamente esta condição clínica e, inclusive, diferenciar se o paciente faz parte do grupo dos hiperprodutores ou do grupo dos hipoexcretores, já que para cada caso existem medicamentos adequados para ajudar a controlar o excesso do ácido úrico no sangue.
É sabido também que vários fatores de risco paralelos podem contribuir e muito para a elevação do ácido úrico, como obesidade, hipertensão arterial, síndrome metabólica, consumo excessivo de álcool, doenças renais crônicas e uso de diuréticos, tiazídicos, e salicilatos em baixas doses. Todos estes fatores contribuintes devem ser corrigidos com os tratamentos.
De qualquer forma, inclusive o Ministério da Saúde destaca a importância do paciente mudar o estilo de vida para conseguir ter sucesso ao realizar o tratamento de gota.
Dieta para reduzir ácido úrico previne e controla a gota
O cuidado na alimentação das pessoas com hiperuricemia deve ser uma prioridade, já que vários alimentos são fontes de purinas que entram na formação do ácido úrico. Os mais contraindicados são:
- Condimentos como caldos de galinha ou carne
- Vísceras como: coração de galinha, rim, fígado, moelas, miolo.
- Alimentos embutidos: salsicha, presunto, mortadela, linguiça.
- Ovas de peixe e molhos à base de carne.
- Peixes: sardinha, anchova, cavala, arenque, manjuba.
- Mexilhão
- Bebidas alcoólicas: principalmente a cerveja.
Alguns alimentos devem ter seu consumo diminuídos, mas não necessariamente eliminados, como: carnes, peixes, aves, mariscos.
Embora alguns alimentos fontes de proteínas vegetais sempre foram excluídos do cardápio das pessoas com excesso de ácido úrico, estudos recentes concluíram que não são desencadeadores do quadro de gota, sendo eles: espinafre, couve-flor, cogumelos comestíveis, lentilha, feijões e ervilhas. Ou seja, não precisa eliminá-los do cardápio, mas seu exagero não é prudente.
Fique de olho nos outros vilões na alimentação, aqueles que também parecem contribuir para o risco do desenvolvimento da doença, segundo estudos atuais: a frutose, utilizada pela indústria alimentícia nas bebidas açucaradas como refrigerantes e sucos artificiais.
A gordura saturada em excesso (banha de porco, cortes gordurosos de carne vermelha e de porco, manteiga, bacon, queijos amarelos) e o exagero nos carboidratos refinados (açúcar, pão branco, bolos, bolachas, massas, arroz branco, etc), todos esses parecem contribuir muito mais para o risco da gota.
Existem alimentos e nutrientes que parecem conferir uma certa proteção contra o desencadeamento da gota e deveriam fazer parte da estratégia alimentar dos pacientes com maior risco:
- Vegetais (legumes e verduras)
- Proteína láctea, do leite
- Vitamina C (sem excesso pelo risco de cálculo renal em altas doses)
- Café e chá (sem exageros pelos riscos do excesso da cafeína)
Conseguimos entender com isso que, os cuidados na alimentação são cruciais para a prevenção ou para o melhor controle da gota, doença ainda muito incidente em nosso meio e bastante debilitante.
Por que o sobrepeso aumenta risco de gota?
Já vimos neste artigo que a gota, um tipo doloroso de artrite causada pelo acúmulo de ácido úrico no sangue, costuma se desenvolver em pessoas com diabetes, doenças renais e obesidade.
Agora, um estudo publicado no Arthritis Care & Research mostrou que a doença ameaça até mesmo quem está apenas um pouco acima do peso. A descoberta alerta para o perigo do sobrepeso muito antes de ele se tornar uma condição crônica.
Usando dados de um levantamento feito pelo governo com 28 mil pessoas, pesquisadores liderados por um especialista da John Hopkins University School of Medicine, nos Estados Unidos, concluíram que entre 1988 e 1994, 2.6% dos adultos norte-americanos tiveram gota. Isso corresponde a 4.7 milhões de pessoas. Entre 2007 e 2010, a porcentagem chegou a 3.8% ou cerca de 8.1 milhões de adultos.
Os resultados da análise apontaram que quase 5.5% dos adultos próximos à obesidade desenvolveram gota em comparação a 1.6% dos com peso normal e 3.4% daqueles com sobrepeso. Embora o maior risco da doença seja entre os portadores da obesidade, com uma probabilidade 5.5% maior, os números mostraram que o problema também é comum entre pessoas com alguns quilinhos a mais. Os autores do estudo reforçam ainda que a gota não é um problema exclusivamente masculino, embora esse seja o público mais afetado.
Tem problemas de peso?
Os quilinhos a mais são uma briga constante da maior parte das pessoas, mas, em geral, por motivos estéticos. Entretanto, especialistas apontam que o sobrepeso pode ser fator de risco para o desenvolvimento de diversas doenças. Veja alguns sinais de alerta que seu corpo dá:
1. Acúmulo de gordura no abdômen
Gordura concentrada na região do abdômen é fator de risco para diversas doenças crônicas, como o diabetes. Nessa região, a gordura estimula a produção de substâncias que favorecem o aumento da taxa de glicose, da pressão arterial e do colesterol ruim. A gordura subcutânea, por outro lado, promove o efeito contrário, equilibrando esses níveis.
2. Perda de roupas
As roupas podem servir de parâmetro para saber se você está ou não ganhando peso. Como não existe um peso ideal para todo mundo, já que esse valor varia de acordo com a altura, a estrutura corporal e outras características pessoais, use seu próprio guarda-roupa como juiz.
3. Novos desafios
Assim como a idade, o peso também pode impor novas limitações ao seu dia a dia. Não conseguir percorrer determinada distância, ter sua mobilidade reduzida ou ficar excessivamente cansado com pequenas tarefas podem ser sinal de que os quilinhos a mais se tornaram um problema.
4. Baixa autoestima
Para muitas pessoas, o peso é antes de tudo uma limitação social. Muitos deixam de fazer o que gostam, preferem não frequentar determinados lugares e evitam situações cotidianas devido à baixa autoestima.
Gota pode matar?
Como já vimos, a gota é uma doença inflamatória que se dá por causa da deposição de cristais de ácido úrico nos tecidos e nas articulações. Sua maior incidência ocorre em pessoas entre 30 e 40 anos de idade, com predomínio no sexo masculino (95% dos casos).
Tipos de gota
Existem duas configurações de gota:
- A forma aguda: é a inicial, geralmente acomete uma articulação, dura de 5 a 7 dias, com resolução espontânea, ou seja, vai se resolver com ou sem tratamento específico. A articulação mais acometida nessa forma é o pé. O primeiro dedo do pé fica vermelho, inchado, quente e dolorido.
- A forma crônica: é arrastada, dura semanas e ocorre quando o paciente não faz o tratamento adequado. As crises passam a ser mais duradouras e outras articulações passam a ser acometidas. Há aparecimento de tofos que se caracterizam por conglomerados de cristais de ácido úrico depositados em algum tecido, podendo haver acometimento renal (cálculos) e cardiovascular. Os tofos levam à deformidade e perda da função articular.
Os cálculos de ácido úrico, muitas vezes, precisam ser removidos para evitar complicações renais como aumento do volume do rim e infecções urinárias de repetição.
Alguns dos principais sintomas da gota são articulações periodicamente inchadas, vermelhas e quentes. As regiões mais afetadas costumam ser o dedão do pé, o joelho e o tornozelo, mas mãos e pulsos também podem ser alvo do problema. Relatos de pacientes mostram que a gota costuma despertar no período noturno com dores latejantes.
Agora falando sobre seu potencial fatal, o prognóstico da gota é bom, não havendo risco de vida para o paciente. O tratamento precoce deve ser realizado para diminuir a deformidade articular e a formação dos tofos que impedem o movimento adequado das juntas e órgãos envolvidos.
A gota é uma doença que deve ser bem monitorada através do uso adequado das medicações que visam manter os níveis de ácido úrico baixo no sangue impedindo inflamações articulares recorrentes e deformidades futuras. É uma doença arrastada que requer tratamento permanente e acompanhamento contínuo supervisionado pelo médico reumatologista.
Diagnóstico
O diagnóstico é sugerido pela história e pelo quadro clínico do paciente. O encontro de cristais de ácido úrico dentro da articulação acometida através da punção articular confirma o diagnóstico.
O encontro dos tofos ocorre principalmente no pavilhão articular, ponta do nariz, superfícies extensoras (dorso) das mãos, cotovelos, joelhos e pés fecham o diagnóstico da doença.
O ácido úrico vai muito além da gota
Se está em alta, esse elemento não prejudica apenas as articulações. Surgem evidências de que também conspira a favor das doenças cardiovasculares. Quando se pensa em ácido úrico elevado, logo vêm à mente problemas um tanto dolorosos. Primeiro a gota, aquela inflamação danada nas juntas. Depois as pedras nos rins – sim, uma porcentagem dos casos se deve ao acúmulo de cristais de ácido úrico por lá.
Só que essa sobrecarga também está ligada a encrencas bem mais silenciosas, dessas que demoram anos a mostrar as caras. Embora a discussão exista há alguns anos, tem nova lenha na fogueira que associa o excesso de ácido úrico a doenças cardiovasculares.
A ponto de uma análise conduzida por um time internacional de pesquisadores e publicada no European Journal of Internal Medicine questionar se a substância não teria um papel protagonista na síndrome metabólica, conjunto de fatores propícios a danos nas artérias, como colesterol alto, hipertensão e obesidade.
Mas, antes de apontar o dedo para o ácido úrico, convém entender de onde e a que vem esse elemento. O dito-cujo nasce naturalmente no organismo: quando as células se degradam, seu material genético dá origem a purinas, moléculas que, para serem eliminadas, são convertidas em ácido úrico – a tal purina também é encontrada em alimentos de origem animal, como carne vermelha e frutos do mar.
O ácido úrico é excretado pela urina e as complicações começam a surgir quando o corpo produz de mais ou se livra de menos dele.
Problemas cardiovasculares associados ao ácido úrico
A respeito da participação do ácido úrico no complô contra o coração, é um assunto que ainda é cercado de perguntas e ponderações. A endocrinologista Maria Teresa Zanella, vice-presidente do Departamento de Dislipidemia e Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, não o vê como o vilão da história. “A questão é que ele está associado à obesidade, e obesos costumam ter resistência à insulina, condição que atrapalha sua excreção”, explica.
A médica acredita que devemos levar em consideração uma rede de fatores interligados. A nefrolologista Frida Plavnik, diretora científica da Sociedade Brasileira de Hipertensão, também prefere tirar a substância dos holofotes: “O ácido úrico é um marcador da síndrome metabólica”. Ou seja, sua presença indica, na verdade, que há uma profusão de coisas indesejadas acontecendo para o azar das artérias.
O fato é que ainda não se sabe quão diretamente a alta no ácido úrico pesa contra os vasos. Nessa linha, uma revisão de estudos chinesa concluiu que a sobrecarga aumenta o risco de esteatose hepática, o depósito de gordura no fígado – outro patrocinador de problemas cardiovasculares.
“Em excesso, o ácido úrico pode atrapalhar o balanço de gordura no organismo, alterando os níveis de triglicérides e propiciando o acúmulo de gordura nesse órgão”, faz a relação o reumatologista Ricardo Fuller, chefe do Grupo de Gota do Hospital das Clínicas de São Paulo.
O médico Geraldo Castelar, presidente da Comissão de Gota da Sociedade Brasileira de Reumatologia, conta que existem algumas teorias mais amplas para justificar o elo entre o ácido úrico alto e reveses na circulação. E isso vale especialmente para aqueles sujeitos que já sofrem com a gota. “Se o ácido úrico está descontrolado, a pessoa continua sofrendo de inflamações de baixo grau, mesmo que não esteja no período de crise.
E isso é um fator de risco cardiovascular”, esclarece. “Também se especula que a substância tenha um efeito tóxico na parede das artérias, o que contribuiria para a agregação de placas ali”, completa o raciocínio. Por fim, sabe-se que a molécula ainda instiga a retenção de sódio e, com isso, faz elevar a pressão arterial.
Obviamente, não devemos responsabilizar só o ácido úrico pela má sorte dos vasos. Mas é bom não perdê-lo de vista e, quando o médico considerar necessário, acompanhar suas taxas com exames de sangue ou urina. Se estiverem altas, perda de peso e ajustes na dieta (como maneirar na proteína animal e bebidas alcoólicas) são prescritos – e, havendo gota na área, remédios podem ser prescritos. São medidas que podem ajudar nas articulações hoje e no coração lá na frente.
Se o ácido úrico vive alterado, alguns problemas podem aparecer
Gota
O acúmulo da substância cristalizada nas juntas leva a inflamação e crises dolorosas.
Pedra nos rins
Cristais de ácido úrico se formam e causam cálculos que atormentam as vias urinárias – causando muita dor!
Tofos na pele
São como nódulos formados sob a pele pelo depósito do ácido, em geral em mãos e cotovelos.
Hipertensão
A substância incita a retenção de sódio. Com isso, a pressão arterial chega a subir.
Doença cardiovascular
Nas pessoas que já sofrem de gota, a sobrecarga parece estimular uma inflamação constante, penosa para as artérias.
Principais recomendações para ácido úrico
Pessoas que sofrem desse distúrbio metabólico devem evitar o estresse físico, o uso de diuréticos e de anti-inflamatórios, assim como devem evitar a ingestão excessiva de alimentos e bebidas ricos em purina (carne vermelha, frutos do mar, peixes, como sardinha e salmão, e miúdos).
Como leite e derivados parecem melhorar a eliminação do ácido úrico, devem ser incluídos na dieta que, acima de tudo, precisa ser saudável e favorecer o controle da obesidade e da hipertensão.
Além da alimentação pouco calórica, quando necessário, podem ser indicados medicamentos para inibir a produção de ácido úrico (alopurinol) ou para aumentar sua excreção (probenecide e sulfinpirazona). Algumas pessoas precisam dos dois tipos porque têm excesso de produção e dificuldade de excreção dessa substância.
Recomenda-se:
- Beber bastante água para ajudar o organismo a eliminar o ácido úrico;
- Optar sempre por alimentos não industrializados, adotando uma dieta saudável, rica em frutas, verduras, leite e derivados;
- Evitar o consumo de bebidas alcoólicas, especialmente de cerveja que é rica em purina;
- Não se automedicar. É sempre muito importante que você consulte um médico para orientar o melhor tratamento. Procure a ajuda de um nutricionista para eleger uma dieta que ajude a controlar a taxa de ácido úrico e a manter o peso em níveis adequados.
E você já tinha ouvido falar sobre ácido úrico? Conhece alguém que sofre com o problema e acabou desenvolvendo gota ou outras doenças associadas? Comente conosco no quadro abaixo. Sua opinião é importante para nós!
Uma resposta
Eu tenho problema do rim faz muita pedra Já tirei muitas tava só com uma pedra de 1,3mc agora passei no médico ele falou que tem muitas pedra. E falou que era melhor eu tirar o ruim .mais acho que ele tá loco eu posso tratar isto