Como usar anticoncepcionais: será que você está fazendo certo?

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Métodos contraceptivos. Imagem de freepik.

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A utilização errada de anticoncepcionais, especialmente pílulas, é bastante comum. Leia o guia a seguir e saiba se você está fazendo o uso correto desses medicamentos.

Todo anticoncepcional é usado da mesma forma?

Não. Existem vários métodos anticoncepcionais, inclusive alguns que permanecem no organismo por longos períodos, os chamados de longa duração, como DIUs e implantes. Os métodos que precisam ser tomados ou aplicados regularmente ainda geram muitas dúvidas. Saiba mais sobre eles e fique bem-informada antes de fazer sua escolha.

Injeção trimestral

A injeção de medroxiprogesterona trimestral, como o próprio nome diz, é aplicada a cada 90 dias na nádega. É um método muito utilizado por estar disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) e por ser bem prático. Ele contém apenas progesterona.

Injeção mensal

Os contraceptivos injetáveis mensais têm progesterona e estrogênio na composição e devem ser aplicados a cada 30 dias na nádega. Podem ter três composições: noretisterona com estradiol, algestona acetofenida com estradiol ou medroxiprogesterona com estradiol. O primeiro da lista está disponível no SUS.

Anel vaginal

Composto por etonogestrel com etinilestradiol, esse é um método que combina progesterona e estrogênio. Ele deve ser introduzido dentro do canal vaginal e mantido por três semanas (sua eficácia é garantida por até quatro semanas), quando deve ser retirado. Uma semana depois, um novo anel deve ser introduzido. Esse período, quando a mulher fica sem utilizar o anel, é considerado uma pausa.

É possível também simplesmente trocar o anel a cada três ou quatro semanas quando se tem a intenção de utilizar este contraceptivo sem pausa, suspendendo a menstruação. A mulher pode retirar o anel para ter relação sexual, desde que não fique mais do que três horas fora do canal vaginal. A retirada não é obrigatória: o método pode ser mantido durante a relação.

Adesivo transdérmico

O adesivo transdérmico é aplicado na pele e trocado uma vez por semana. Para seu uso com pausa, deve ser aplicado a cada sete dias por três semanas, ficando uma semana sem utilizá-lo. O método também é composto por estrogênio e progesterona: etinilestradiol com norelgestromina.

O adesivo deve ser aplicado na pele íntegra, limpa, seca e em área sem pelos. As partes do corpo mais indicadas são as nádegas, abdômen, parte superior de fora dos braços ou parte superior das costas. É importante evitar pontos com grande atrito de roupas justas e sempre revezar os locais de aplicação, para que a pele não fique irritada.

Pílulas combinadas

Há várias opções de pílulas no mercado, cada uma com efeitos positivos e negativos esperados. As mais comuns são as que combinam estrogênio e progesterona. Existem diversas combinações desses hormônios, com inúmeros nomes comerciais.

A apresentação mais comum é a cartela com 21 comprimidos. Nesse caso, a pausa deve ser de sete dias. Assim, o indicado é tomar um comprimido por dia durante 21 dias e ficar sete dias sem tomar. Após esse período, deve-se reiniciar uma nova cartela.

Ao tomar pílulas com cartelas de 24 comprimidos, deve-se fazer uma pausa de quatro dias. Após esse período, basta reiniciar a nova cartela.

Já as cartelas contendo 28 comprimidos normalmente são para uso contínuo, ou seja, sem pausa. Entretanto, também é possível fazer o uso contínuo das outras pílulas, quando indicado. Basta suspender a pausa entre as cartelas.

É muito comum o erro de aguardar a menstruação terminar durante a pausa, para só então começar uma nova cartela. Esse erro, ao gerar uma pausa maior que a indicada (sete ou quatro dias, de acordo com o tipo de pílula) pode aumentar o risco de gravidez.

Quando não se utiliza nenhum método e é iniciada a pílula, o ideal é que o primeiro comprimido seja tomado no primeiro dia da menstruação.

Dentre as várias opções, a disponível no SUS é de etinilestradiol com levonorgestrel.

Pílulas de progesterona isolada

Há menos tipos de pílulas de progesterona e a maioria delas é de uso contínuo (sem pausa).

A mais utilizada é a de desogestrel 75 mg. Essa opção é adequada para mulheres com contraindicação aos métodos que levam estrogênio. Seu uso é sem pausa.

Outra opção é a drospirenona 4mg, que apresenta quatro comprimidos de placebo para serem tomados no final da cartela, após os 24 comprimidos ativos, para que haja pausa. O objetivo dessa pausa é evitar escapes em momentos aleatórios, possibilitando um sangramento programado, semelhante à menstruação, nesse momento.

A chamada minipílula de noretisterona 0,35mg costuma vir com 35 comprimidos, pois seu uso é sem pausa. Essa opção está disponível no SUS, mas só tem eficácia satisfatória quando a mulher está realizando aleitamento materno exclusivo. Caso o bebê amamentado já tenha começado a comer qualquer outro alimento diferente do leite materno, o risco de gravidez é maior. Nesse momento, é fundamental migrar para um método de maior eficácia.

O dienogeste 2 mg é uma progesterona muito utilizada no controle dos sintomas de endometriose. Apesar de normalmente suspender a menstruação, não deve ser usado com o objetivo de evitar gravidez. Até o momento, sua eficácia contraceptiva não foi comprovada, por isso é importante associar seu uso a outro método, como o preservativo.

Preservativo feminino (ou interno) e masculino (ou externo)

Os preservativos feminino e masculino são os únicos métodos que, além de prevenir gravidez, também nos protegem da maior parte das infecções transmitidas por relação sexual: as ISTs – infecções sexualmente transmissíveis – como o HIV, sífilis e gonorreia. Eles ainda podem, e devem, ser usados em conjunto com outros métodos, aumentando a eficácia.

O preservativo feminino deve ser inserido dentro do canal vaginal antes da relação. Ele costuma ter um anel interno, ou esponja, e um anel externo. O anel interno ou esponja deve ser apertado enquanto é introduzido no canal vaginal e ajustado com os dedos por dentro do preservativo para ficar confortável no fundo do canal vaginal. O anel externo, que é maior, fica por fora, recobrindo parte da vulva.

A camisinha feminina é feita de borracha nitrílica, sendo uma opção segura para as pessoas alérgicas ao látex. Outra vantagem é que, por cobrir uma parte da vulva, protege mais contra algumas ISTs, como herpes e verruga por HPV, doenças que aparecem também em partes que não ficam cobertas pelo preservativo masculino.

A camisinha masculina é bastante popular. Deve ser colocada no pênis ereto e desenrolada até a base. É importante segurar a ponta do preservativo para retirar o ar, reduzindo a chance de “estourar” durante a relação.

Alguns cuidados devem ser tomados durante o uso dos preservativos: checar a data de validade, tomar cuidado ao abrir a embalagem, evitando usar os dentes, que podem rasgar o material, evitar a exposição ao sol, não reutilizar, não usar mais de uma ao mesmo tempo.

Métodos contraceptivos de longa duração

Alguns métodos podem ser aplicados e utilizados por vários anos. Por exemplo, o implante anticoncepcional de etonorgestrel (implanon), que é aplicado com anestesia local no braço e pode ser deixado por 3 anos. Ele é composto por uma progesterona.

Os DIUs são todos inseridos através da vagina dentro do útero, com ou sem anestesia local ou sedação. O tempo que podem ser deixados no local varia de acordo com o tipo de DIU. O de cobre, mais comum, dura até dez anos. O de cobre com prata e os hormonais duram até cinco anos.

Há dois modelos de DIU de cobre que duram apenas cinco anos: o comfort e mini DIU.

No SUS, estão disponíveis o DIU de cobre, o DIU hormonal mirena e o implanon.

E a pílula do dia seguinte?

A pílula do dia seguinte, também chamada de método de emergência, deve ser tomada até 72 horas após uma relação desprotegida (sem uso de método anticoncepcional) ou quando há rompimento do preservativo. Caso você perceba que está usando com frequência é hora de buscar outro método, pois ela não deve ser usada de forma rotineira.

A pílula disponível é de levonorgestrel 1,5 mg ou 0,75 mg. A de 1,5 mg vem com um comprimido para ser tomado em dose única e a de 0,75mg vem com dois comprimidos, que devem ser tomados juntos, também em dose única.

O DIU de cobre também pode ser inserido como método contraceptivo de emergência até cinco dias após a relação desprotegida, com a vantagem de que mantém o efeito anticoncepcional por vários anos. Os métodos não são abortivo, pois atuam antes de existir gravidez.

Posso escolher sozinha qual contraceptivo utilizar?

Agora você já sabe a forma de usar os métodos anticoncepcionais que apresentam maior eficácia. Entretanto, é fundamental passar por uma avaliação médica para escolher seu método, pois cada um apresenta contraindicações e efeitos colaterais específicos, especialmente os que têm hormônios na composição. O olhar profissional é importante para uma escolha consciente e segura.

Carolina Caldas: Médica formada pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e Médica de Família e Comunidade pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).  CRM 520107347-8