Ultimamente você está sentindo que seu desejo sexual está reduzido? Saiba o que pode ser feito para melhorar esse sintoma.
O que é falta de libido?
É comum ouvir as pessoas se queixarem de falta de libido. Sabemos que nem todo mundo tem facilidade para abordar esse assunto, mas, em um ambiente de consulta médica, é importante que você explique seus sintomas com clareza, evitando uma possível confusão com o termo. Algumas pessoas usam o termo “falta de libido” para se referir à dificuldade para atingir um orgasmo ou para sentir prazer, outras estão falando sobre dor na relação ou ressecamento vaginal. O mais comum é relacionar ao baixo desejo sexual, também chamado de desejo sexual hipoativo – e é isso que iremos abordar aqui.
Para tratar a falta de libido é importante identificar suas possíveis causas
A primeira coisa que você precisa saber e a mais importante é: este é um problema multifatorial, ou seja, não costuma ser causado por algo específico, mas por um conjunto de fatores que influenciam na vontade de ter relações.
O primeiro passo para o tratamento é, portanto, tentar identificar as causas e cuidar delas, especificamente.
Possíveis causas
Alguns fatores que podem estar relacionados ao desejo sexual hipoativo são:
- Problemas com a autoestima;
- Sobrecarga no trabalho;
- Sobrecarga em tarefas domésticas;
- Sobrecarga com cuidados de parentes;
- Questões de saúde mental como depressão e ansiedade;
- Efeitos colaterais de medicações;
- Uso abusivo de álcool e outras drogas;
- Abuso sexual;
- Impactos relacionados a problemas de saúde geral;
- Fatores hormonais como menopausa, alterações na tireoide e, nos homens, redução de testosterona;
- Mudanças no momento de vida (maternidade, paternidade, envelhecimento);
- Fatores culturais ou sociais que podem causar repressão sexual;
- Desinformação sobre as formas de encarar o envelhecimento;
- Falta de comunicação com a parceria sexual quanto a questões cotidianas e relacionadas à sexualidade;
- Discordância entre o casal quanto à frequência e formas de relação;
- Atritos no relacionamento;
- Disfunção sexual da pessoa e da parceria sexual, como vaginismo e disfunção erétil, por exemplo;
- Dor na relação sexual;
- Ressecamento e atrofia vaginais;
- Ansiedade para apresentar certo desempenho ou performance sexual, dificultando a concentração e o relaxamento.
Como é possível observar, se trata de uma lista bastante extensa e com questões muito íntimas e pouco objetivas, o que pode tornar o tratamento mais complexo.
Por isso, é importante buscar um profissional de saúde com quem você fique confortável em dividir esse assunto. Não tenha vergonha de conversar sobre sexo, esse tema faz parte da vida e é uma questão de saúde.
Além disso, a falta de desejo só é considerada um transtorno quando incomoda a pessoa. Se não houver incômodo relacionado à falta de desejo, não há necessidade de tratamento.
Desejo sexual responsivo x espontâneo
Existe ainda uma variação na forma de resposta sexual que pode mudar entre as pessoas e até em uma mesma pessoa, durante certas fases da vida. Se alguém não apresenta o desejo sexual espontaneamente, mas é receptivo aos estímulos da parceria, chegando a ter relações sexuais satisfatórias, então essa pessoa apresenta a forma de desejo sexual responsivo, que também é normal.
Enfim, os tratamentos
Você já deve ter percebido que, com tantas possibilidades, o tratamento não será como uma pílula mágica.
Entretanto, algumas coisas simples podem ajudar na resolução do problema, como:
- Conversar com a parceria sobre o que está acontecendo e buscar soluções juntos;
- Conversar com a parceria sobre preferências e gostos no quesito sexual;
- Procurar ter “encontros” com a parceria como recurso para sair da rotina e se arrumarem, um para o outro;
- Se possível, fazer exercício físico, principalmente musculação, pois pode ajudar na autoestima, no tratamento de questões de saúde física e mental e na liberação de substâncias no nosso corpo que ajudam na libido;
- Buscar informações sobre o tema em locais confiáveis, para desmistificar tabus;
- Conhecer o próprio corpo, descobrir pontos em que sente mais prazer e comunicar isso;
Se essas opções não forem suficientes, é importante buscar um profissional de saúde para auxiliar no tratamento. Várias categorias podem ajudar nessa avaliação como médicos de família e comunidade, ginecologistas, urologistas, enfermeiros, fisioterapeutas pélvicos, psicólogos, terapeutas de casal e terapeutas sexuais, por exemplo.
O profissional escolhido poderá ajudar a identificar os fatores envolvidos no seu caso e montar, junto a você, seu plano de cuidado.
E a reposição hormonal?
A reposição hormonal na menopausa tem algumas indicações bastante específicas, sendo as principais, a presença de fogachos (aquelas ondas de calor intensas) e menopausa precoce. Ela pode ajudar no caso da redução da libido, mas não costuma ser a primeira opção de tratamento nesse caso, nem pode ser feita por todas as mulheres. A forma mais utilizada de reposição hormonal da menopausa contém estrogênio (em forma de comprimido via oral ou gel transdérmico) e progesterona (em forma de comprimido via oral ou vaginal ou DIU hormonal).
A testosterona, muito usada com a finalidade de aumentar o desejo sexual em mulheres, só deve ser prescrita na forma de gel para passar na pele e em caso de permanência da baixa libido em quem já está fazendo reposição hormonal para menopausa. Mesmo assim, não se tem estudos suficientes para avaliar a segurança na manutenção do uso por mais de 6 meses. Quando prescrita, deve ser feita em farmácia de manipulação, pois as formulações disponíveis são feitas para homens, ou seja, têm doses maiores do que as indicadas para as mulheres.
A tibolona é uma medicação com efeito semelhante aos 3 hormônios: estrogênio, progesterona e testosterona. Pode ser útil em alguns casos, mas não deve ser subestimada em relação aos seus riscos, que são os mesmos da terapia de reposição hormonal, demandando acompanhamento adequado.
Fitoterápicos
Existem alguns fitoterápicos usados para ajudar na libido, porém ainda não temos estudos robustos e suficientes para comprovar a eficácia e segurança. Portanto, não são recomendados. Os mais comuns são tribulus terrestris, maca peruana e canabidiol.
Tratamentos específicos
Caso o profissional de saúde observe problemas específicos, o tratamento será iniciado.
No caso de ressecamento e atrofia vaginal levando a desconforto na relação, a aplicação de cremes vaginais contendo estrogênios tópicos pode ajudar bastante. Os mais comuns são os que contêm promestrieno e estriol, este último disponível no SUS.
Caso você suspeite de que a alteração da sua libido esteja relacionada ao uso de alguma medicação, não suspenda o uso por conta própria, pois isso pode acarretar outros problemas. Nesse caso, procure o profissional que acompanha você e converse sobre as adaptações possíveis.
Nos Estados Unidos, existem algumas medicações como a bremelanotida e a flibanserina para tratar o desejo sexual hipoativo em mulheres, entretanto, ainda não são aprovadas no Brasil. Sua eficácia é limitada e há muitos relatos de efeitos colaterais e interações medicamentosas.
O uso de sildenafila, tadalafila e outros medicamentos indicados para disfunções sexuais masculinas não é recomendado para mulheres.
Outros tratamentos específicos podem fazer parte do seu plano de cuidado, sempre orientados pelo profissional que acompanha você. É bastante comum ser necessário realizar um acompanhamento multidisciplinar, ou seja, associar psicólogos, médicos e fisioterapeutas no tratamento da perda da libido.