Entenda para que serve a Rosuvastatina e como tomar

Rosuvastatina
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A rosuvastatina cálcica é indicada para adultos com hipercolesterolemia (nível elevado de colesterol no sangue).

É um medicamento basicamente redutor de gordura, que quando usado de forma contínua reduz a quantidade de colesterol e triglicerídeos no sangue, quando a dieta e atividade física não são suficientes para reduzir ou controlar o colesterol.

Ela serve para:

  • Reduzir os níveis de LDL-colesterol, colesterol total e triglicérides elevados; aumento do HDL-colesterol em pacientes com hipercolesterolemia primária (familiar heterozigótica e não familiar) e dislipidemia mista (níveis elevados ou anormais de lipídios no sangue) (Fredrickson tipos IIa e IIb). A rosuvastatina cálcica também diminui ApoB, não-HDL-C, VLDL-C, VLDL-TG, e as razões LDL-C/HDL-C, C-total/HDL-C, não-HDL-C/HDL-C, ApoB/ApoA-I e aumenta ApoA-I nestas populações.
  • Tratar a hipertrigliceridemia isolada (nível elevado de triglicérides no sangue) (hiperlipidemia de Fredrickson tipo IV).
  • Reduzir o colesterol total e LDL-C em pacientes com hipercolesterolemia familiar homozigótica, tanto isoladamente quanto como auxiliar à dieta e a outros tratamentos para redução de lipídios (por ex.: aférese de LDL), se tais tratamentos não forem suficientes.
  • Retardar ou reduzir a progressão da aterosclerose (acúmulo de gordura nas paredes dos vasos sanguíneos)

Família das estatinas

A Rosuvastatina faz parte da família das estatinas, que foram descobertas na década de 70 a partir de extratos de fungos (Penicillium citrinum e Aspergillus terreus) e a primeira a ser comercializada foi a lovastatina. São drogas inibidoras competitivas da enzima HMG-CoA (hidroximetilglutaril coenzima A) redutase, o que leva à redução da síntese de colesterol hepático e consequente aumento da expressão dos receptores de LDL. O resultado final é a redução dos níveis séricos de LDL-colesterol.

Estudos já comprovaram que as estatinas mais potentes também podem promover discreta redução dos triglicerídeos. Já o efeito no HDL tende a ser nulo ou discretíssima elevação, não tendo relevância clínica frente aos demais efeitos, inclusive sequer aparecendo nos resultados de exames. Desse modo, a primeira indicação para uso da estatina foi como hipolipemiante, mais precisamente como redutora do colesterol.

Eficiência, absorção e interações medicamentosas das estatinas

A absorção das estatinas é variável, entre 30-85%. Entretanto, apresentam intenso efeito de primeira passagem hepática, sendo a biodisponibilidade em torno de 5 a 30%. A metabolização e excreção são predominantemente hepáticos. Há o risco de interação medicamentosa no citocromo CYP3A4, sendo a pravastatina e a rosuvastatina as drogas com menor risco.

Essa informação é especialmente importante em paciente com uso de antirretrovirais, antibióticos e drogas para epilepsia. As estatinas são contraindicadas na gravidez e na amamentação. Em crianças, a pravastatina é aprovada àquelas com idade ≥ 8 anos.

No final da década de 90, inúmeros estudos começaram a mostrar efeitos das estatinas que iam além da mera redução do colesterol, o que corresponde a um grande avanço na área médica. Pesquisas evidenciaram outros efeitos relevantes, chamados de pleiotrópicos, como, por exemplo, melhora na resposta vasodilatadora do endotélio, aumento da biodisponibilidade do óxido nítrico e redução dos níveis de endotelina. E a partir desses achados as indicações de uso da estatina têm ampliado exponencialmente.

Hoje em dia, as estatinas já são drogas anti-aterosclerose. Tanto é verdade que as novas diretrizes de tratamento da dislipidemia indicam estatina baseado no risco cardiovascular. Se um paciente apresenta risco elevado, ele é candidato a usar estatina mesmo com o valor do LDL na faixa normal.

As estatinas, principalmente as duas citadas pravastatina e rosuvastatina costumam ser drogas bem toleradas. O efeito adverso mais temido é a hepatotoxicidade, que é rara. Apesar disso, a miopatia – uma doença do músculo, que afeta a sua fibra, fazendo com que seus portadores apresentem fraqueza progressiva dos músculos afetados e dificuldade progressiva de locomoção, tais como subir ou descer escadas, se levantar de uma cadeira e ao fazer outras tarefas do dia a dia – pode ser bastante incômoda para o paciente e é causa comum de má adesão ao tratamento. Outra pesquisa recente sugere que a coenzima Q10 pode atenuar esses incômodos efeitos musculares.

A principal indicação das estatinas é no tratamento da aterosclerose, a maior causa de doença cardiovascular no mundo, sendo utilizada na profilaxia primária, secundária e terciária.

Qual a ação esperada da rosuvastatina?

A rosuvastatina é capaz de inibir uma enzima importante para a fabricação do colesterol pelo organismo, chamada HMG-CoA redutase, dessa forma, o uso contínuo deste medicamento reduz o nível de lipídios (substâncias gordurosas) no sangue, principalmente colesterol e triglicérides.

Esta redução é geralmente obtida em até 4 semanas e sob continuidade do tratamento é mantida após esse período.

Alguns estudos clínicos com comprovação da eficácia da rosuvastatina

Na bula deste medicamento consta que em um estudo de pacientes com hipercolesterolemia familiar heterozigótica, 435 indivíduos foram tratados com rosuvastatina cálcica de 20 mg a 80 mg em um desenho de titulação forçada de dose.

Todas as doses mostraram um efeito benéfico nos parâmetros lipídicos e no tratamento para atingir as metas estabelecidas. Após titulação para a dose de 40 mg (12 semanas de tratamento), o LDL-C foi reduzido em 53% (Stein E et al. Atherosclerosis Suppl 2001; 2 (2): 90 Abs P176).

Em um estudo aberto de titulação forçada de dose, 42 pacientes com hipercolesterolemia familiar homozigótica foram avaliados quanto à sua resposta à rosuvastatina cálcica 20-40 mg titulado em um intervalo de 6 semanas. Na população geral, a redução média de LDL-C foi de 22%. Nos 27 pacientes com redução de no mínimo 15% na semana 12 (considerada como sendo a população com resposta), a redução média de LDL-C foi de 26% na dose de 20 mg e de 30% na dose de 40 mg. Dos 13 pacientes com uma redução de LDL-C inferior a 15%, 3 não apresentaram resposta ou tiveram um aumento de LDL-C (Marais D et al. Atherosclerosis Suppl 2002; 3: 159 Abs 435).

No estudo METEOR, a eficácia da rosuvastatina 40 mg na progressão da aterosclerose foi avaliada por ultrassom bidimensional da artéria carótida. Neste estudo clínico, duplo-cego, multicêntrico, placebo-controlado, 984 indivíduos com baixo risco de doença coronária cardíaca (definido como risco Framingham <10% acima de 10 anos) e com LDL-C médio de 154,5 mg/dL, mas com aterosclerose subclínica detectada por ultrassom da EIMC (espessura íntima-média das artérias carótidas), foram randomizados em uma relação 5:2 para tratamento com rosuvastatina 40 mg ou placebo por 2 anos.

A rosuvastatina retardou significativamente a progressão da aterosclerose da carótida comparada com placebo. A diferença na alteração da EIMC para todos os 12 locais da artéria carótida entre os pacientes tratados com este medicamento e pacientes tratados com placebo foi -0,0145 mm/ano (IC 95% -0,0196, -0,0093; p< 0,0001). A mudança a partir do basal (pré tratamento) para o grupo rosuvastatina foi -0,0014 mm/ano (IC 95% – 0,0041, 0,0014), mas não foi significativamente diferente de zero (p=0,3224).

Concluímos então que os efeitos benéficos da rosuvastatina foram consistentes para todos os 4 desfechos secundários da EIMC. Houve progressão significativa no grupo placebo (+0,0131 mm/ano; IC 95% 0,0087, 0,0174; p< 0,0001). No grupo rosuvastatina, 52,1% dos pacientes demonstraram uma ausência de progressão da doença (ex.: regressão) comparada com 37,7% dos pacientes do grupo placebo (p=0,0002). A rosuvastatina 40 mg foi bem tolerada e os dados foram consistentes ao perfil de segurança estabelecido para ela.

A rosuvastatina cálcica é eficaz em uma ampla variedade de populações de pacientes com hipercolesterolemia, com e sem hipertrigliceridemia (Olsson AG et al. Cardiovasc Drug Rev 2002; 20: 303-28), independentemente de raça, sexo ou idade (Martin P et al. J Clin Pharmacol 2002; 42 (10): 1116-21), e em populações especiais como diabéticos (Olsson AG et al. Cardiovasc Drug Rev 2002; 20: 303-28; Blasetto JW et al. Am J Cardiol 2003; 91 (Suppl): 3C-10C; Durrington P et al. Diabetologia 2001; 44 (Suppl 1): A165, Abs 631) ou pacientes com hipercolesterolemia familiar (Stein E et al. Atherosclerosis Suppl 2001; 2 (2): 90 Abs P176).

Em um estudo clínico controlado denominado ASTEROID (estudo para avaliar os efeitos dela na placa de ateroma coronariano através de ultrassom intravascular), os pacientes tratados com rosuvastatina cálcica 40 mg tiveram uma regressão significativa da aterosclerose para todas as três medidas de ultrassom intravascular (IVUS) avaliadas.

No estudo ASTEROID, os pacientes tratados com rosuvastatina cálcica atingiram o nível mais baixo de LDL-C (- 53%) e os maiores níveis do HDL-C (+15%) já observados em um estudo de progressão de aterosclerose com estatinas. Neste estudo de dois anos de duração, a rosuvastatina demonstrou ser bem tolerada. São necessários mais estudos clínicos para determinar a extensão na qual ela pode reduzir a formação e regredir a placa de ateroma (Nissen Steven E et al. Jama 2006; 295: E1-10).

Em crianças e adolescentes com hipercolesterolemia foi feito um estudo placebo-controlado, multicêntrico, randomizado e duplo-cego de 12 semanas (n= 176, 97 sexo masculino e 79 sexo feminino) seguido por fase de titulação de dose de rosuvastatina, aberto de 40 semanas (n= 173, 96 sexo masculino e 77 sexo feminino), indivíduos de idade entre 10 e 17 anos (estágio Tanner II-V, sexo feminino pelo menos 1 ano após a menarca) com hipercolesterolemia familiar heterozigótica receberam rosuvastatina 5, 10 ou 20 mg ou placebo diariamente por 12 semanas e em seguida todos receberam rosuvastatina diariamente por 40 semanas.

Na entrada do estudo, aproximadamente 30% dos pacientes tinham 10-13 anos e aproximadamente 17%, 18%, 40% e 25% estavam em estágio Tanner II, III, IV e V, respectivamente. A rosuvastatina reduziu os níveis LDL-C (objetivo primário), colesterol total e ApoB.

No final da semana 40, na fase aberta do estudo, aumentou-se gradativamente a dose para no máximo 20 mg uma vez ao dia. Setenta dos 173 pacientes (40,5%) atingiram objetivo de LDL-C menor que 110 mg/dL (2,8 mmol/L). Após 52 semanas de tratamento do estudo, nenhum efeito no crescimento ou maturação sexual foi detectado.

Quais as contraindicações da rosuvastatina?

A rosuvastatina não deve ser utilizada por pessoas alérgicas a este princípio ativo ou a qualquer um dos componentes deste medicamento. A rosuvastatina cálcica é contraindicada também para pacientes com doença hepática ativa, durante a gravidez, na lactação, e em mulheres com potencial de engravidar que não estão usando métodos contraceptivos apropriados.

A bula esclarece que a rosuvastatina não deve ser utilizada por mulheres que estejam amamentando.

E quanto às precauções e advertências de uso?

Indica-se aos pacientes que estiverem tomando ciclosporina (medicamento usado após transplante de órgãos) evitarem o uso de rosuvastatina cálcica.

Ressalta-se também que este medicamento deve ser utilizado com cuidado por pacientes que tenham história de doença hepática (doença do fígado), que ingerem regularmente grandes quantidades de álcool e que estejam tomando os seguintes medicamentos: varfarina, genfibrozila, inibidores da protease, ácido fusídico e antiácidos.

Devido à possibilidade de alterações hormonais (por exemplo: redução de um hormônio chamado cortisol), é necessário cuidado no uso concomitante de rosuvastatina cálcica e os medicamentos cetoconazol, espironolactona e cimetidina.

Alteração na capacidade de dirigir veículos ou operar máquinas

Não é esperado que a rosuvastatina cálcica afete a capacidade de dirigir veículos e operar máquinas.

A bula deixa claro para informar imediatamente ao médico se durante o tratamento com este medicamento o paciente sentir dores musculares inexplicadas, sensibilidade ou fraqueza, particularmente se for acompanhada de mal-estar ou febre, ou se tem história de dor muscular.

Assim como outros medicamentos da classe das estatinas, como atorvastatina, sinvastatina, entre outras, o uso da rosuvastatina pode levar ao aumento do nível de glicose e hemoglobina glicada no sangue e, em alguns casos, estes aumentos podem exceder o valor limite para o diagnóstico do diabetes, principalmente em pacientes com alto risco de desenvolvimento do diabetes.

Ela também pode causar alterações nos resultados de exames laboratoriais referentes ao funcionamento do fígado e dos músculos.

Recomenda-se ainda o monitoramento nos níveis de enzimas do fígado antes e por 12 semanas após o início do tratamento ou quando ocorrer alteração de doses do medicamento, e depois periodicamente, conforme estabelecido pelo médico.

Em caso de doença grave e internação, o paciente deve comunicar seu médico que está tomando a rosuvastatina cálcica, pois pode ser necessário parar o tratamento por um curto período de tempo.

Interações medicamentosas de Rosuvastatina cálcica

Quando for necessária a coadministração de rosuvastatina cálcica com outros medicamentos que reconhecidamente aumentam a concentração de rosuvastatina no sangue, a dose deste deve ser ajustada conforme orientação do médico.

É recomendado que o médico consulte as informações relevantes dos medicamentos quando considerar administrar esses fármacos concomitantemente com rosuvastatina cálcica. Deve-se iniciar com uma dose de 5 mg, uma vez ao dia. A dose máxima diária deve ser ajustada pelo médico, de modo que não exceda a exposição obtida por uma dose de 40 mg quando administrado sem medicamentos que possam interagir. Nos casos em que houver interação, não deverá exceder, por exemplo, uma dose de 5 mg de rosuvastatina cálcica com ciclosporina, uma dose de 10 mg de rosuvastatina cálcica com ritonavir/atazanavir associados e uma dose de 20 mg de rosuvastatina cálcica com genfibrozila.

Quais as reações adversas?

Podem ocorrer:

  • Reação comum (ocorre entre 1% e 10% dos pacientes que utilizam este medicamento): dor de cabeça, mialgia (dores musculares), astenia (sensação geral de fraqueza), prisão de ventre, vertigem, náusea (enjoo) e dor abdominal.
  • Reação incomum (ocorre entre 0,1% e 1% dos pacientes que utilizam este medicamento): prurido (coceira no corpo), exantema (erupção na pele) e urticária (reações alérgicas na pele).
  • Reação rara (ocorre entre 0,01% e 0,1% dos pacientes que utilizam este medicamento): miopatia (doença do sistema muscular, incluindo miosite – inflamação muscular), reações alérgicas (incluindo angioedema – inchaço), rabdomiólise (síndrome causada por danos na musculatura esquelética), pancreatite (inflamação do pâncreas) e aumento das enzimas do fígado no sangue.
  • Reação muito rara (ocorre em menos de 0,01% dos pacientes que utilizam este medicamento): artralgia (dor nas articulações), icterícia (acúmulo de bilirrubina no organismo, levando a uma coloração amarela na pele e nos olhos), hepatite (inflamação do fígado) e perda de memória.
  • Frequência desconhecida: trombocitopenia (redução do número de plaquetas no sangue), depressão, distúrbios do sono (incluindo insônia e pesadelos), miopatia necrotizante imunomediada (degeneração muscular), ginecomastia (desenvolvimento de mamas em indivíduos do sexo masculino), neuropatia periférica (perda da sensibilidade).

Em um pequeno número de pacientes em tratamento com rosuvastatina cálcica foi observado um aumento relacionado à dose de algumas enzimas do fígado no sangue (transaminases hepáticas e creatinoquinase). Também foi observado um aumento da hemoglobina glicada (HbA1c). Proteinúria (presença de proteína na urina) foi observada em um pequeno número de pacientes.

Os eventos adversos faringite (inflamação da faringe) e outros eventos respiratórios como infecções das vias aéreas superiores, rinite (inflamação da mucosa nasal acompanhada de catarro) e sinusite (inflamação dos seios nasais), também foram relatados.

Importante lembrar de sempre avisar o médico sobre quaisquer reações adversas.

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Categorias: Medicamentos
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