Dengue: prevenção, repelentes e vacina

Mosquito da dengue. Foto de Freepik.

Mosquito da dengue. Foto de Freepik.

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Eliminar os focos de água parada é fundamental, mas existem outras formas de prevenir a dengue.

O que é a dengue?

A dengue é uma doença endêmica no Brasil, causada por vírus e transmitida através do mosquito Aedes aegypti, e ocorre mais comumente entre os meses de outubro e maio. Os principais sintomas são febre, dor no corpo, náusea e diarreia, mas é possível desenvolver também a forma mais grave da doença, a chamada dengue hemorrágica. Existem quatro sorotipos do vírus da dengue. Em geral, o risco para o desenvolvimento de um quadro mais grave é maior quando se tem a infecção pela segunda vez, por um vírus diferente da primeira.

Como prevenir a dengue?

As principais medidas de prevenção são:

  • Evitar a proliferação do mosquito vetor, o Aedes aegypti, eliminando focos de água parada, onde ele se reproduz.
  • Evitar o contato com o mosquito, usando repelentes.
  • Vacinação.

Evitar o mosquito, vetor da doença

Alguns cuidados simples podem ter um grande impacto na prevenção da doença, pois o mosquito bota ovos na água parada para se reproduzir. A principal medida preventiva envolve eliminar esses focos, que podem virar criadouros. O uso de repelentes, principalmente por gestantes, é importante também.

Como eliminar os mosquitos

Procure estabelecer uma rotina e separar dez minutos por semana para checar sua casa e seu quintal. Confira algumas medidas que devem ser tomadas com regularidade:

  • Receber os agentes de saúde e os de endemias que realizam visitas.
  • Esvaziar garrafas PET, potes e vasos de planta.
  • Guardar pneus em locais cobertos.
  • Limpar bem as calhas de casa.
  • Manter caixas d’água, tonéis e outros reservatórios de água bem fechados (vedados).
  • Colocar areia nos pratos de vasos de plantas.
  • Amarrar bem os sacos de lixo.
  • Não acumular sucata e entulho.

Para evitar picadas de mosquito

Outras medidas podem ser tomadas para evitar o contato com os mosquitos transmissores da dengue, como o uso de telas mosquiteiras em janelas ou sobre camas e berços, além do uso de repelentes. Cada repelente apresenta em suas embalagens as recomendações que devem ser seguidas.

Os repelentes à base de DEET são os mais conhecidos, mas devem ser evitados em crianças menores de 2 anos. Entre 2 e 12 anos, a concentração do produto deve ser de até 10% e o mesmo só pode ser aplicado até três vezes no dia. A maioria tem concentração de 30% e confere proteção por até cinco horas.

Os repelentes de icaridina a 20% apresentam boa eficácia, semelhante aos de DEET, mas duram menos. Apesar disso, são melhor tolerados devido ao odor mais suave e toque menos oleoso.

A permetrina é uma medicação usada para tratar algumas condições como pediculose (piolho) e escabiose (sarna), mas na formulação em spray pode ser aplicada sobre roupas para promover um efeito repelente que dura por até duas semanas. Atenção: mesmo realizando essa aplicação sobre as roupas, ainda é necessário utilizar outro repelente sobre a pele exposta.

Existem outros tipos de repelente, como os à base de IR 3535. Eles são úteis, mas alguns estudos mostraram menor eficácia quando comparados aos citados anteriormente.

Óleos essenciais de citronela, sândalo, canela, gerânio, entre outros, são usados como repelentes naturais, mas não há comprovação científica de sua eficácia.

Todos os repelentes aprovados pela ANVISA podem ser utilizados em gestantes.

Alguns cuidados a serem tomados durante o uso dos repelentes:

  • Aplicar nas áreas expostas do corpo e em cima da roupa.
  • Reaplicar, de acordo com o intervalo orientado pelo fabricante.
  • Evitar aplicar formulações em spray diretamente no rosto: use nas mãos para depois espalhar no rosto.
  • Em caso de contato com os olhos, lavar imediatamente com água corrente.

Existem alguns repelentes ambientais que podem ser utilizados, desde que aprovados pela ANVISA. Aqueles naturais, à base de citronela, andiroba ou óleo de cravo não tem eficácia comprovada, nem liberação pela ANVISA.

Qdenga: vacina que previne a dengue

A vacina que previne a dengue disponível no Brasil se chama Qdenga e é recomendada para pessoas entre 4 e 59 anos. Ela está disponível na rede privada e na pública, com algumas restrições. Na rede pública, a vacinação é direcionada para a faixa etária entre 10 e 14 anos, pois essa é a população que apresenta mais hospitalizações por dengue.

A Qdenga é uma vacina quadrivalente (contra os 4 sorotipos da dengue), de vírus vivo atenuado, ou seja, enfraquecido.

O esquema vacinal completo é composto por duas doses com intervalo de 90 dias entre elas, e foi disponibilizada pelo SUS para os municípios com maior incidência de dengue.

A vacina deve ser aplicada em quem já teve e em quem não teve dengue e serve para diminuir a chance de infecção e a gravidade, caso a doença ocorra.

Importante: quem já teve dengue precisa aguardar pelo menos seis meses para tomar a primeira dose da vacina. Em caso de infecção no período entre as doses da vacina, o único cuidado é evitar aplicar a segunda dose dentro dos 30 dias após o início dos sintomas da doença.

É comprovado que a vacina tem eficácia e previne tanto infecções como hospitalizações.

Gestantes, lactantes e pessoas com imunodeficiência não devem tomar a vacina devido ao seu tipo (vírus vivo atenuado).

A Qdenga não foi à primeira vacina contra a dengue disponibilizada no Brasil. A Dengvaxia também já foi liberada, porém ela não é indicada para quem nunca teve dengue, apenas para pessoas que já tiveram a doença.

Carolina Caldas: Médica formada pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e Médica de Família e Comunidade pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).  CRM 520107347-8