Felizmente, a hanseníase tem cura. E quando diagnosticada e tratada precocemente, pode não deixar sequelas.
O que é hanseníase?
A hanseníase é uma doença conhecida há mais de quatro mil anos e que já foi chamada de lepra, mas esse termo que não é mais utilizado. Quando não tratada de forma adequada, pode gerar deficiências físicas, o que contribui para o estigma e a discriminação das pessoas que vivem com essa condição.
O estigma pode ser tão prejudicial a ponto de causar sofrimento psicológico e prejudicar o diagnóstico e o tratamento da hanseníase, que é gratuito no Brasil, pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A doença é causada por uma bactéria que infecta os nervos e que pode ser transmitida de uma pessoa para outra. É necessário ficar exposto por períodos muito prolongados para contrair a infecção e, ainda assim, nem todos que têm esse contato adquirem hanseníase.
Quais são os sintomas mais frequentes?
Os primeiros sintomas normalmente são manchas na pele, que podem ter coloração branca, avermelhada, castanha ou marrom, geralmente com alterações de sensibilidade. Essas alterações de sensibilidade podem ser relacionadas à capacidade de reconhecer, através do tato, se algum objeto é quente ou frio, de perceber toques ou até mesmo dor.
Pode haver, também, regiões com redução de pelos e de suor, formigamento, choques, fisgadas, redução da força e da sensibilidade, especialmente nas mãos e nos pés, além de caroços pelo corpo que podem doer ou ser avermelhados. Em alguns casos, pode-se perceber que alguns nervos estão mais grossos ao toque.
Já em casos mais avançados, pode haver lesões permanentes na pele e nos nervos acometidos, comprometendo sensibilidade ou força no local em questão de forma irreversível, além de dor crônica. Por isso, o tratamento precoce é tão importante.
Como ocorre a transmissão?
Para contrair hanseníase é necessário ficar próximo por muito tempo à pessoa que esteja com a doença e que não esteja realizando tratamento. A transmissão ocorre por via respiratória, ou seja, a pessoa que não está se tratando elimina a bactéria através da fala, espirro e tosse.
A hanseníase não é transmitida através de abraço e nem do compartilhamento de objetos, como pratos, roupa de cama ou talheres.
O tempo entre o contato e o início dos sintomas é bastante prolongado, variando, em média, entre dois e sete anos.
Como é feito o tratamento?
Felizmente, quando tratada adequadamente, a hanseníase tem cura. O tratamento normalmente acontece através de medicamentos e acompanhamentos que são realizados no SUS, principalmente nos postos de saúde.
O tratamento é realizado com três antibióticos associados: rifampicina, dapsona e clofazimina. O tempo varia de acordo com o tipo de hanseníase, podendo durar 6 ou 12 meses.
O acompanhamento envolve consultas mensais, nas quais a pessoa recebe sua medicação para o mês e toma a dose supervisionada. Ou seja, durante a consulta, a pessoa toma a medicação na frente do profissional de saúde e o resto das doses, normalmente, em casa. Essas estratégias são importantes para o acompanhamento da cura e para permitir a alta ao final do tratamento. Alguns casos específicos podem ser encaminhados a Centros de Referência, para variações no acompanhamento ou na medicação.
É importante atentar para o fato de que a rifampicina altera a eficácia das pílulas anticoncepcionais.
Prevenção
As formas mais importantes de prevenção da disseminação da hanseníase são: a vacinação BCG, que é feita ao nascimento no Brasil, o tratamento adequado das pessoas que estão com a doença e a avaliação e orientação daqueles que convivem de forma próxima e prolongada com essas pessoas (chamados contatos). Após um mês de tratamento, a transmissão já não acontece mais.
Os contatos domiciliares são aqueles que vivem ou viveram na mesma casa por mais de 6 meses, desde 6 anos antes até 1 mês após o início do tratamento.
Os contatos sociais são aqueles que têm contato com a pessoa que está com hanseníase por, no mínimo, 20 horas por semana, por pelo menos 3 meses por ano. Normalmente estes contatos são colegas de trabalho ou de escola.
A depender do tipo de hanseníase e da existência de sintomas nos contatos domiciliares, pode ser necessário alguma medicação preventiva ou tratamento a ser avaliado pela equipe de saúde.