Melatonina é eficaz no tratamento da insônia?

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Insônia. Imagem de Freepik.
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O que é insônia?

A insônia é um problema de saúde relativamente comum entre os adultos. Pode ser crônica, ou seja, mantida ao longo do tempo, e consiste na dificuldade em iniciar ou manter o sono, e de não se sentir descansado ao acordar. O tempo de sono ideal não é padronizado: cada pessoa terá uma necessidade diferente. As causas da insônia podem ser as mais diversas e podem envolver questões físicas, mentais e sociais.

Existem casos de insônia relacionados a alguma preocupação ou condição de saúde pontual, que duram alguns dias. Esse tipo não costuma precisar de tratamento para melhorar.

Avaliação inicial da insônia

Ao se deparar com uma dificuldade persistente em pegar no sono, é recomendado buscar a avaliação de um profissional de saúde. Esse profissional deve investigar fatores relacionados à insônia e montar, em conjunto com o paciente, um planejamento individual. Caso seja identificada alguma comorbidade física ou mental relacionada, é importante realizar o tratamento da condição.

Também é possível que algumas medicações levem à insônia, como alguns antidepressivos e corticoides. Evite suspender medicações por conta própria e converse com o profissional que acompanha seu tratamento para avaliar o possível impacto dessas medicações na dificuldade com o sono.

Tratamento inicial da insônia

Quando é identificada uma causa secundária (outra condição de saúde levando à insônia), que necessite tratamento medicamentoso específico, este deverá ser indicado. Entretanto, o primeiro passo a ser realizado não costuma ser o medicamento.

Na maioria dos casos, o tratamento é iniciado com a chamada “higiene do sono”, que envolve algumas alterações no comportamento e na rotina. Isso já pode ter impacto na qualidade e na quantidade de horas de sono. Aqui, o objetivo é minimizar fatores externos que podem causar ou manter a insônia. Algumas mudanças envolvem:

  • Reduzir e limitar o horário de consumo de cafeína;
  • Evitar atividades estimulantes, como o uso de telas, antes de dormir;
  • Evitar grandes variações no horário de se deitar e de levantar.

Psicoterapia e medicações

De acordo com o plano montado em conjunto com o profissional de saúde, pode ser indicada a realização de acompanhamento psicológico, como a Terapia Cognitivo Comportamental. A principal vantagem da psicoterapia como primeira escolha de tratamento é a ausência dos efeitos colaterais de medicações. Muitas pessoas apresentam uma boa resposta, mas outras vão necessitar de medicamentos também.

É muito perigoso iniciar medicação para insônia por conta própria, pois algumas podem causar efeitos adversos como tontura, desequilíbrio e sonambulismo. Portanto, é fundamental ter um profissional de referência para orientar quanto aos riscos, dose correta e possíveis interações medicamentosas, além de auxiliar o paciente em caso de efeitos indesejados.

E a melatonina?

A melatonina é um hormônio produzido no nosso corpo quando estamos no escuro, ajudando o cérebro a entender que se aproxima a hora de dormir. Ele é comercializado como um suplemento alimentar, ou seja, não está sujeito à mesma fiscalização e regulamentação de medicamentos. A ANVISA autorizou o uso do suplemento no Brasil na dose máxima de 0,21 mg por dia para adultos.

A melatonina pode ajudar, principalmente, as pessoas com dificuldade de iniciar o sono ou com  jet lag. O suplemento não é eficaz nos casos de insônia em que a dificuldade é de manter o sono.

É importante ressaltar que ainda não há estudos suficientes para comprovar a eficácia da melatonina no tratamento de insônia crônica ou como antioxidante, e nem sua segurança a longo prazo. Por isso, a ANVISA não recomenda uso contínuo e nem por longo período.

Ainda não se sabe quanto à segurança em gestantes e crianças, portanto, o uso deve ser evitado sem orientação médica nesses casos.

Álcool

Apesar de causar sonolência inicialmente, o álcool piora a qualidade do sono, além de causar danos ao corpo por ser uma toxina. Por isso, não é adequado ingerir bebidas alcoólicas com o objetivo de dormir.

Referências bibliográficas

Sateia MJ, Buysse DJ, Krystal AD, Neubauer DN, Heald JL. Clinical Practice Guideline for the Pharmacologic Treatment of Chronic Insomnia in Adults: An American Academy of Sleep Medicine Clinical Practice Guideline. J Clin Sleep Med. 2017 Feb 15;13(2):307-349. doi: 10.5664/jcsm.6470. PMID: 27998379; PMCID: PMC5263087.

Brzezinski A, Vangel MG, Wurtman RJ, Norrie G, Zhdanova I, Ben-Shushan A, Ford I. Effects of exogenous melatonin on sleep: a meta-analysis. Sleep Med Rev. 2005 Feb;9(1):41-50. doi: 10.1016/j.smrv.2004.06.004. PMID: 15649737.

Low TL, Choo FN, Tan SM. The efficacy of melatonin and melatonin agonists in insomnia – An umbrella review. J Psychiatr Res. 2020 Feb;121:10-23. doi: 10.1016/j.jpsychires.2019.10.022. Epub 2019 Nov 2. PMID: 31715492.

https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2021/anvisa-autoriza-a-melatonina-na-forma-de-suplemento-alimentar acessado em 13/04/2025 às 10:46

https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2021/proposta-de-consulta-publica-inclui-a-melatonina-como-constituinte-autorizado/analise-da-seguranca-e-eficacia-da-melatonina_versao-para-publicacao.pdf acessado em 13/04/25

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