Tudo sobre Reposição Hormonal
Para entendermos do que se trata esse tema, precisamos primeiro saber o que é a menopausa e a andropausa, por exemplo e como elas estão diretamente interligadas à reposição hormonal.
Infelizmente, com o passar dos anos na vida das mulheres e dos homens, surgem alguns sintomas bastante desconfortáveis. Este período, chamado de menopausa (para a mulher) e andropausa (para o homem), representa a queda das taxas dos hormônios sexuais. Na menopausa, há o término dos ciclos menstruais e ovulatórios em mulheres entre os 45 e 55 anos, enquanto na andropausa, há diminuição da produção de testosterona em homens após os 50 anos.
O que é Menopausa?
A menopausa é a data que marca a última menstruação – ela ocorre, em média, entre 48 e 51 anos de idade, devido à interrupção da produção dos hormônios femininos pelos ovários.
O climatério é o período de transição em que a mulher passa da fase reprodutiva para a fase de pós-menopausa. Dessa forma, a menopausa é um fato que ocorre durante o climatério. No climatério há uma diminuição das funções ovarianas, fazendo com que os ciclos menstruais se tornem irregulares, até cessarem por completo.
Quando ocorre a menopausa precoce?
Existem casos em que os sintomas aparecem antes dos 40 anos de idade. Nessas circunstâncias, a causa é, na maioria das vezes, desconhecida, mas pode ser de origem genética, autoimune, infecciosa ou iatrogênica (após radioterapia, quimioterapia, cirurgia).
Podemos enumerar três estágios da menopausa, eles são:
Pré-menopausa
A pré-menopausa corresponde ao período no qual o corpo da mulher se prepara para não ser mais fértil, caracterizando-se pela redução da produção de hormônios.
É a fase que também podemos chamar de climatério, que começa próximo aos 40 anos de idade, quando a mulher ainda menstrua e dura, em média, de 6 a 8 anos. A pré-menopausa é assintomática e, quando os sintomas começam, inicia-se a fase da perimenopausa.
Perimenopausa
A perimenopausa é o período que engloba a pré-menopausa e o primeiro ano de pós-menopausa. Em geral, é durante essa fase que se iniciam os primeiros sintomas do climatério, como a irregularidade menstrual, seguida de calores e alterações no sono e humor, e termina quando se completa um ano sem menstruação.
Pós-menopausa
Já a pós-menopausa tem início 1 ano após a última menstruação e dura até o final da vida. Durante o período inicial (que dura até cinco anos), mas mais frequentemente na fase tardia, podem ocorrer a osteoporose e o maior risco de doenças cardiovasculares. Na pós-menopausa como um todo, é bastante comum ocorrer a atrofia vaginal, que causa secura no órgão e dores durante as relações sexuais.
Causas
As principais causas da menopausa que podemos destacar são:
Decadência natural dos hormônios reprodutivos
Ao longo do final dos 30 anos, os ovários começam a produzir menos estrogênio e progesterona – hormônios que regulam a menstruação – e a fertilidade diminui.
Com a chegada dos 40, os períodos menstruais podem tornar-se mais longos ou curtos, mais pesados ou leves, e mais ou menos frequentes, até que eventualmente – em média, aos 51 anos – os ovários deixam de produzir óvulos e não há mais períodos.
Histerectomia
Uma histerectomia que remove o útero, mas não os ovários, não é para causar menopausa imediata. Mesmo que não tenha mais períodos menstruais, os ovários ainda liberam óvulos e produzem estrogênio e progesterona. Mas a cirurgia que remove o útero e os ovários (histerectomia total e ooforectomia bilateral), por outro lado, causa menopausa imediata.
Em casos assim, a menstruação cessa imediatamente, e é provável que a mulher tenha ondas de calor e outros sinais e sintomas, que podem ser graves, já que essas mudanças hormonais ocorrem abruptamente em vez de por vários anos.
Quimioterapia e radioterapia
Essas terapias contra o câncer podem induzir a menopausa, causando sintomas como ondas de calor durante ou logo após o curso do tratamento. A interrupção da menstruação (e da fertilidade) nem sempre é permanente após a quimioterapia, portanto, medidas de controle da natalidade ainda são cabíveis.
Insuficiência ovariana primária
Cerca de 1% das mulheres experimentam a menopausa antes dos 40 anos (menopausa precoce). A menopausa pode resultar de insuficiência ovariana primária – quando os ovários deixam de produzir níveis normais de hormônios reprodutivos – decorrentes de fatores genéticos ou doenças autoimunes. Mas muitas vezes nenhuma causa pode ser encontrada. Para essas mulheres, a terapia hormonal é tipicamente recomendada pelo menos até a idade natural da menopausa, a fim de proteger o cérebro, o coração e os ossos.
Sintomas de Menopausa
Durante a menopausa existe a fase do climatério, em que uma série de sintomas comuns acometem a mulher. Esse período recebe esse nome, pois um dos sintomas mais comuns é a sensação de ondas de calor, conhecidas popularmente como fogacho. Ele afeta entre 60 e 80% das mulheres.
Os fogachos (ondas de calor) podem ocorrer em qualquer fase do climatério e se caracterizam como uma sensação súbita e intensa de calor na pele, aparecendo principalmente no peito, pescoço e face. Há um aumento do sangue circulando nessas regiões, o que causa uma vermelhidão da pele, e muitas vezes pode haver um aumento do suor produzido.
Algumas mulheres podem apresentar também palpitações e sensação de desmaio. Porém, a intensidade dos sintomas varia de mulher para mulher.
Outros sintomas comuns desse período são:
- Alterações menstruais (antes do término completo)
- Coceira e secura vaginal, que pode levar a dor na relação sexual
- Redução da libido
- Diminuição do tamanho dos seios e perda de firmeza
- Sudorese noturna
- Problemas para dormir
- Mudanças de humor, com períodos de ansiedade, irritabilidade e depressão, além da diminuição da auto-estima
- Ganho de peso e desaceleração do metabolismo
- Pele seca e cabelos mais finos
- Diminuição da elasticidade da pele
- Dores de cabeça
- Aumento da porosidade dos ossos.
Nem toda mulher apresenta todos esses sintomas. Seu aparecimento varia caso a caso e conforme a fase do climatério.
Além disso, existem também os sintomas menos frequentes, tais como:
- Calafrios
- Diminuição da memória
- Fadiga
- Incontinência urinária
- Aparecimento de espinhas.
A menopausa é um processo natural do organismo feminino e pode não precisar de tratamento. No entanto, caso os sintomas sejam muito incômodos, o tratamento da menopausa feito para melhorar a qualidade de vida da mulher.
Principais tratamentos para menopausa
Reposição hormonal
A terapia hormonal (popularmente conhecida como reposição hormonal) é o tratamento mais efetivo para as ondas de calor, trazendo uma redução de até 75% em sua frequência e de 87% em sua severidade. A reposição pode ser feita com estrógeno ou a combinação de estrógeno e progesterona.
Devemos considerar, no entanto que, alguns tipos de terapia hormonal estão ligadas à diferentes complicações, como aumento do risco de ter câncer de mama, câncer de cólon, doença cardiovascular e fraturas. Por isso mesmo, todos esses fatores devem ser avaliados antes de se optar seguir com esse tratamento, sempre levando em conta a orientação e acompanhamento restrito do médico.
A cada mil mulheres que fazem reposição hormonal, 17 terão câncer de mama. Já as outras 983 restantes continuam tendo o mesmo risco que tinham anteriormente.
O ideal é que a reposição seja feita na chamada janela de oportunidade, que normalmente se encontra entre as idades de 50 a 59 anos e no máximo até 7 anos após o início dos sintomas da menopausa. São essas condições que tornam o tratamento mais seguro.
Além disso, a reposição só deve ser feita após a paciente fazer todos os exames de rotina e o médico verificar seu histórico de saúde. Isso o ajudará a perceber se há alguma contraindicação e qual a melhor dose hormonal a ser aplicada.
O ideal é que mulher continue fazendo o acompanhamento médico durante toda a terapia de reposição hormonal, até para acompanhar melhor como está sua saúde. E assim que seus benefícios não forem mais necessários, o tratamento pode ser encerrada.
Vale lembrar que a reposição hormonal é contraindicada em mulheres que:
- Já sofreram infarto;
- Tenham algum grave comprometimento das artérias coronárias;
- Possuam doença no fígado que impeça seu funcionamento;
- Tenham tido ou ainda apresentem câncer de mama ou no endométrio;
- Possuam histórico de doença vascular cerebral;
- Estejam com um quadro de hipertensão não controlado.
Medicamentos mais usados para reposição hormonal
Os medicamentos mais usados para o tratamento da menopausa são:
Aplicação de estrogênio
Para aliviar o sintoma de secura vaginal, muitos especialistas podem recomendar o uso de estrogênio tópico, ou seja, em creme na própria área da vagina. Esse método é útil principalmente em mulheres que apresentam atrofia vaginal, dor na relação sexual e problemas uroginecológicos.
Medicamentos não hormonais
Para mulheres que não podem recorrer a terapia hormonal, existem outras opções de medicamentos conforme o sintoma apresentado. Para os sintomas como os fogachos, existem medicamentos antidepressivos, hipno-sedativos, antidopaminérgicos, vasoativos ou os que agem no eixo hipotalâmico hipofisário.
Eles são indicados principalmente em casos que:
- A paciente não quer fazer terapia hormonal
- Mulheres que apresentam efeitos colaterais ou tem resposta insatisfatória à terapia hormonal
- Mulheres contraindicadas a fazer a reposição de hormônios.
Terapias alternativas
Além das opções acima, as terapias alternativas podem ajudar a mulher nessa fase. Veja algumas:
– Fitoterapia: O uso de plantas medicinais e seus extratos pode ser útil nessa fase. Durante o climatério, os fitoestrogênios são os mais indicados – substâncias naturais que agem como os hormônios femininos. Os mais usados hoje são a soja, o trevo vermelho e a cimicifuga.
Além deles a valeriana e a melissa podem ser usadas para os sintomas de sono e ansiedade. Mas o ideal é usá-los com orientação de um especialista. Também é importante não ingeri-los perto das refeições, para que eles sejam absorvidos corretamente.
– Homeopatia: Esse tipo de medicina usa substâncias que se assemelham aos medicamentos sintéticos e o tratamento é individualizado para cada mulher. O especialista busca quais os principais sintomas que incomodam a mulher nessa fase e aliam remédios homeopáticos que podem ajudá-la.
Podem ser prescritos medicamentos de ação importante neste período, como a Sepia Succus, a Lachesis e o Natrum muriaticum, além dos extratos feitos de órgãos como o Oophorinum e o Folliculinum, que fazem parcial substituição dos extratos hormonais não mais produzidos pelo corpo feminino.
– Acupuntura: Essa técnica milenar chinesa pode ajudar a estimular diferentes pontos do corpo, compreendendo um conjunto de procedimentos que permitem o estímulo preciso de locais anatômicos definidos por meio da inserção de agulhas filiformes metálicas para promoção, manutenção e recuperação da saúde, assim como para prevenção de agravos e doenças. Os pontos a serem estimulados também variam conforme os sintomas que cada mulher apresenta.
E a Andropausa, o que é?
O corresponde à menopausa que acomete a saúde dos homens é um tipo de hipogonadismo, ou queda do hormônio masculino pelos testículos, e quando essa queda é acentuada, nomeamos esse fenômeno como Andropausa.
A testosterona sérica apresenta um definhamento gradual e progressivo com o envelhecimento.
Os hormônios masculinos são produzidos, na sua maioria, nos testículos e uma pequena porção deles, nas glândulas supra-renais. A produção com êxito desses hormônios está invariavelmente ligada a integridade do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal, sistema que integra o hipotálamo no cérebro, a glândula hipófise, também no cérebro e as gônadas.
A saúde do homem tem suas próprias conclusões quando avaliada a saúde dos hormônios sexuais, ela é como um mecanismo de medição. É por isso que, as dosagens anuais da testosterona, o hormônio masculino que começa a declinar a partir dos 45 e 50 anos, são de muita relevância.
A diminuição deles no processo de envelhecimento do homem, sobretudo da testosterona, o principal do sexo masculino, ainda é pouco abordada entre o público em questão.
Segundo pesquisas científicas, 33% dos homens acima dos 60 anos sofrerão desse mal, devido à diminuição da produção do hormônio masculino, a testosterona.
Tratamento de reposição hormonal para andropausa
A reposição hormonal é uma excelente opção, no entanto, ela não deve ser vista como o resgate da juventude para o paciente masculino. Entre os medicamentos para reposição de testosterona está o durateston.
De forma criteriosa, a reposição com testosterona deve estabelecer ao menos um critério: a constatação de sintomas, com base em exames de sangue, que corroboram a diminuição do hormônio. E fatores como apneia do sono, câncer de próstata, distúrbios que provocam a multiplicação anormal de células, devem ser levados seriamente em consideração.
A eficácia do tratamento de reposição hormonal, por meio de exames de sangue de controle e exames para observar efeitos adversos, deve receber um rigor total do médico urologista responsável, nunca, em hipótese alguma, abra mão disso!
Além de procurar afastar as doenças relacionadas, a reposição hormonal masculina se faz necessária para garantir a qualidade de vida e bem estar do homem, garantindo um processo de envelhecimento mais saudável e feliz.
Benefícios e efeitos da reposição hormonal para a mulher
Com a reposição hormonal, os sintomas da menopausa nas mulheres são minimizados, tais como mal estar, perda cognitiva (algumas mulheres queixam-se de perda de memória, piora da depressão e ansiedade) e perda de massa óssea (osso vai ficando mais fraco, causando até mesmo a osteoporose). No caso dos homens, a reposição hormonal resulta na melhora da disposição e no aumento da libido.
Vale ressaltar também que, assim como em todo tratamento médico, há efeitos colaterais e falaremos deles mais adiante.
A reposição hormonal deve ser feita sempre com o acompanhamento e a orientação do ginecologista para as mulheres e endocrinologista ou urologista para os homens. Nas mulheres, o tratamento consiste na reposição do estrógeno, que pode ser por via transdérmica (gel ou adesivo) ou oral, combinado ou não com a progesterona. Apenas para as mulheres não histerectomizadas, ou seja, que possuem útero. Nos homens, a reposição é feita com testosterona, que pode ser por diferentes vias.
No passado, foram feitos alguns estudos, dentre eles o WHI (Women’s Health Initiative), que demonstrou alguns riscos da reposição hormonal como aumento de eventos tromboembólicos (risco infarto e derrame), além do câncer de mama. Porém, estes estudos utilizaram mulheres fora da faixa etária que normalmente são indicadas atualmente para a reposição hormonal (havia pacientes com mais de 10 anos após a menopausa), com doses muito elevadas de um tipo de estrogênio oral que não é mais utilizado atualmente.
Já com relação aos homens, não há qualquer evidência de que a reposição de testosterona induza ao câncer de próstata. O que sabemos é que homens com neoplasia (câncer em estágio inicial) têm total contraindicação à reposição. Tanto os cânceres de mama como os de próstata possuem “receptores” para hormônios (ou seja, os hormônios conseguem estimular o crescimento das células). Mas as evidências científicas mostram que não são capazes de gerar (estimular) câncer em células normais.
Obviamente que, para identificar a necessidade de realizar a reposição hormonal, o endocrinologista faz uma minuciosa avaliação baseada em exames. Podemos frisar também que, assim como em todo tratamento médico, há efeitos colaterais, dentre eles, aumento do endométrio (efeito minimizado com uso da progesterona), aumento de triglicérides (apenas com a via oral de estrógeno), retenção de líquido, aumento da pressão arterial nas mulheres e aumento prostático nos homens. Sendo assim, a reposição hormonal precisa sempre ter indicação e supervisão de um especialista da área.
Principais dúvidas e respostas a respeito da reposição hormonal
Todas as mulheres podem se submeter à terapia hormonal quando a menopausa chegar?
Isso não procede. De acordo com Maria Celeste Osório Wender, vice-presidente da Associação Brasileira de Climatério (Sobrac), há contraindicações bem indicadas. Entre elas, como mencionamos antes: passado de câncer de mama ou de endométrio, presença de sangramento vaginal anormal sem diagnóstico e de doença hepática ou cardíaca severa.
Doenças ou condições pré-existentes como diabetes, colesterol alto e hipertensão inviabilizam a TH?
Com exceção daqueles quadros mencionados acima, todos os outros são passíveis de análise. “Para se submeter ao tratamento é preciso, antes de tudo, ter indicação. Assim, cada caso é avaliado individualmente”, completa Dolores Pardini, diretora do Departamento de Endocrinologia Feminina da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
É verdade que o tratamento pode aumentar a libido?
Isso vai depender do tipo de tratamento, em alguns casos há, sim, um aumento no desejo sexual. E isso ocorre devido ao aumento da autoestima feminina combinado à melhora da lubrificação vaginal (na ausência do estrogênio, a área costuma ficar ressecada, causando muito desconforto durante as relações sexuais).
Podem ocorrer sangramentos e cistite durante o tratamento?
Isso também depende. Quanto aos sangramentos, os médicos confirmam que há chances de acontecerem alguns escapes. “Para normalizar a situação basta acertar as doses de hormônios”, conta. Já no caso da cistite, a reposição hormonal contribui para seu desaparecimento.
A reposição hormonal pode ser feita só com testosterona?
Em homens, normalmente esse é o caso. Em mulheres, é possível sim, mas em casos bem específicos, “como quando há déficit isolado desse hormônio”, explica Dolores Pardini, especialista da SBEM. Normalmente a testosterona é indicada em associação a outros hormônios na pós-menopausa.
A mamografia de quem faz TH é mais difícil de ser interpretada?
Segundo o médico do hospital Albert Einstein, antes dos 40 anos as mulheres têm a densidade das mamas aumentada. “Quando ocorre a reposição de hormônios, é natural que voltem a essa situação”, diz. Assim, pode haver dificuldade em visualizar pequenas alterações na área por meio da mamografia.
O tratamento via oral causa menos efeitos adversos do que aquele feito com adesivos e injeções?
Na verdade, o medicamento administrado por via oral precisa ser metabolizado no fígado, o que pode causar complicações em algumas mulheres. Maria Celeste aponta ainda que em determinadas situações a via oral não é a mais indicada, como em casos de hipertensão e diabetes.
É verdade que não é bom realizar o tratamento por muito tempo?
Sim, existe uma limitação relativa ao tempo de uso somente quando a TH é feita com a combinação de estrogênio e progesterona. “Isso porque há evidências de que o risco de câncer de mama cresce quando esse tratamento é realizado por mais de cinco anos. O uso de estrogênio isolado não evidenciou esse aumento”, descreve a vice-presidente da Sobrac.
O mais importante é sempre procurar um ginecologista para realizar o tratamento adequado quando chegar a menopausa, além de se submeter a todos os exames necessários. Cada organismo reage de um jeito, então, o acompanhamento médico é essencial para passar por essa fase da vida com tranquilidade.
Entendendo melhor sobre o climatério
Sabemos que cada fase da vida da mulher traz novas descobertas. Isso porque o nosso corpo, algo complexo e ao mesmo tempo, incrível está em constante mudança, o que leva a desafios diferentes com o passar do tempo. Uma dessas fases é chamada de climatério, que se inicia lá pelos 45 anos (no Brasil, aos 55 anos de idade, em média) e se estende até a senescência (após os 65 anos de idade). Até o Ministério da Saúde possui um manual de atenção à mulheres que sofrem com os sintomas dessa condição.
Dr. Élvio Floresti Junior, ginecologista e obstetra, explica que climatério é sinônimo de falência ovariana. “Com a diminuição da produção dos hormônios femininos, uma série de sintomas começa a aparecer, tais como fogachos, insônia, alterações do humor, diminuição da libido, etc.”
É aí que surgem as dúvidas quanto à necessidade da reposição hormonal. “Visto que os sintomas têm origem na diminuição da produção de estrogênio, a reposição deste hormônio em baixas doses é o mais recomendado e pode ser feita com estrogênios sintéticos ou bioidênticos”, explica o Dr. Élvio. A tibolona e os fitoterápicos também são muito utilizados. Estes últimos possuem efeito semelhante ao do estrogênio.
O também ginecologista e obstetra Dr. Tiago de Oliveira Gomes explica que os fogachos são os sintomas da menopausa mais frequentes, afetando 60% a 80% das mulheres.
Em uma revisão sistemática do Instituto Cochrane, que incluiu mulheres com fogachos e/ou sudorese noturna, foi observada redução de 75% na frequência e 87% na severidade dos sintomas vasomotores nas usuárias de terapia hormonal.
A reposição hormonal pode ser realizada por administração local (vaginal) ou sistêmica (oral e transdérmica), ressalta o Dr. Tiago. Ele lembra que a dose, o tempo de uso, a via de administração e os hormônios utilizados devem ser individualizados de acordo com avaliação médica criteriosa e com base nas expectativas e queixas da mulher.
No caso daquela que já retirou o útero, não há necessidade da associação de progesterona com o estrogênio em baixa dose, uma vez que esta associação tem o objetivo de proteger o útero do estímulo excessivo do estrogênio, que pode levar ao câncer de endométrio.
Como funcionam os hormônios?
Os hormônios utilizados na terapia de reposição hormonal sintetizados em laboratório têm estrutura química e efeitos semelhantes aos hormônios produzidos pelo organismo da mulher.
Para o Dr. Élvio, quem vai decidir sobre a reposição hormonal não é o médico, mas, sim, a mulher, pois a menopausa é uma ocorrência natural e nem sempre precisa ser tratada. “O tipo e a intensidade dos sintomas é que definirão a necessidade ou não de tratamento. Por exemplo, se o principal sintoma for insônia, a mulher poderá usar um tranquilizante ou um indutor do sono”, afirma.
Nos casos em que a ocorrência da menopausa é precoce, ou seja, antes dos 40 anos, é recomendável a reposição hormonal. O médico vai analisar os sintomas relatados e, se não houver contraindicações, poderá prescrever o tratamento.
Como mencionamos anteriormente, a eficácia da terapia hormonal para aliviar os sintomas vasomotores – fogachos e suas consequências relacionadas à qualidade do sono e alterações no humor – está muito bem estabelecida e seus benefícios se sobrepõem aos riscos quando é indicada na ‘janela de oportunidade’, isto é, para mulheres com menos de 60 anos de idade e menos de dez anos de menopausa.
O tratamento de reposição hormonal não tem uma duração estabelecida, apesar de oferecer um risco maior a partir de 5 anos de uso. Deve durar enquanto estiver oferecendo benefícios para a mulher, com boa tolerabilidade. “Além disso , não é sempre do mesmo tipo. Pode ser modificado de acordo com a evolução dos sintomas”, lembra o Dr. Élvio.
Quais os principais efeitos colaterais?
Qualquer tratamento medicamentoso deve ser bem avaliado quanto aos prós e contras. Dr. Élvio diz que, primeiramente, é preciso verificar se não há contraindicações para o uso do estrogênio, tais como histórico ou presença de câncer mamário ou uterino, além de fatores de risco para trombose e problemas vasculares, entre outros.
Os efeitos colaterais mais comuns da reposição hormonal são dor nas mamas (mastalgia), enjoo e cefaleia, ou seja, aproximadamente os mesmos de uma pílula anticoncepcional. “Os efeitos colaterais dos fitoterápicos são menos intensos. Porém, a resposta terapêutica também é menos eficaz”, ressalta o ginecologista.
O Dr. Tiago ressalta que os efeitos colaterais comuns da terapia hormonal combinada (associação de estrogênio em baixas doses + progesterona) são de intensidade leve e normalmente cessam após um período de adaptação. Sangramentos, chamados de “escape”, e náuseas podem ser contornados com aconselhamento médico e medicações sintomáticas.
É possível desenvolver outras doenças?
A queda de produção dos hormônios femininos pelo organismo pode causar outras doenças, como por exemplo, a osteopenia e a osteoporose e a terapia de reposição hormonal auxilia na melhora da captação de cálcio pelo tecido ósseo. “Sabemos também que a reposição hormonal precoce é benéfica para a proteção cardiovascular feminina”, acrescenta o Dr. Élvio.
“Diversos estudos observacionais e metanálises sugerem que se o estrogênio for prescrito para uma mulher jovem, na perimenopausa, pode propiciar diminuição do risco de doença de Alzheimer ou retardar seu aparecimento. Além disso, a terapia hormonal reduz o risco de câncer de intestino e de ovário”, diz o Dr. Tiago.
Segundo o Dr. Élvio, existe um medo exagerado de que a reposição hormonal possa causar o aparecimento de câncer de mama, mas, segundo ele, o tratamento feito com baixa dose de estrogênio não aumenta essa incidência. “Lógico que se a mulher já tiver uma lesão pré-cancerígena ou até câncer mamário ou uterino, a reposição é totalmente contraindicada”, expõe.
Por sua vez, Dr. Tiago lembra que os avanços na medicina permitem que a expectativa de vida da população seja cada vez maior, tornando necessárias medidas para garantir a manutenção da qualidade de vida e a prevenção de diversas doenças. “A reposição hormonal se encaixa nesse contexto”, afirma.
Atente-se!
A decisão de iniciar ou não a terapia de reposição hormonal, assim como a melhor via de administração, devem ser discutidas com seu médico. Ele lhe fornecerá as orientações adequadas e lhe ajudará a tomar essa decisão, ressalta o Dr. Élvio.
O Dr. Tiago concorda: a reposição não é obrigatória para todas as mulheres, mas tem diversos benefícios. “Para os problemas ocasionados pela menopausa, existem tratamentos não hormonais alternativos. Procurar o ginecologista para se informar e tomar uma decisão conjunta é a melhor opção”, recomenda.
E você já teve alguma experiência com terapia de reposição hormonal? Conte pra gente aqui nos comentários e se você conhece alguém que ainda tem dúvidas sobre o assunto, compartilhe em suas redes sociais. Sua opinião é importante para nós!