O artigo de hoje será para entendermos mais sobre a hiperprolactinemia e suas consequências. Acompanhe mais sobre o assunto, lendo este texto até o final.
O que é prolactina?
A prolactina é um hormônio produzido pela glândula hipófise, presente na parte inferior do cérebro. Uma de suas principais funções é a produção de leite em gestantes, para que ocorra a amamentação.
Quando está presente no sangue em alta dosagem, pode trazer várias consequências à saúde da mulher, como o bloqueio da menstruação (amenorreia), causando infertilidade. Esse problema é chamado de hiperprolactinemia, que está por trás de cerca de 20% dos casos de amenorreia (excluindo-se a gravidez).
Como falamos, esse hormônio é produzido pela glândula hipófise, que está localizada no interior da caixa craniana, numa depressão óssea chamada sela túrcica. Conhecida também como hormônio do leite, a prolactina é importante para o desenvolvimento das mamas e, por consequência, para o aleitamento. Fora do período gestacional, a importância da prolactina se relaciona ao controle dos outros hormônios femininos. Assim, o hormônio está envolvido na regulação da menstruação e da ovulação.
O sintoma físico mais visível da hiperprolactinemia é a saída involuntária de leite das mamas. E é comum a ginecologista pedir um exame de prolactina no sangue quando há alguma alteração na menstruação. Mas é bom deixar claro que este problema pode ocorrer mesmo que não haja alteração do ciclo menstrual.
Como funciona o exame da prolactina?
O exame para identificar o nível de prolactina é realizado em laboratório, através da coleta de sangue.
De acordo com a especialista, há algumas orientações que devem ser seguidas antes de realizar o exame. Entres elas estão:
- Não fazer atividade física
- Não fumar
- Repousar por 30 minutos antes do exame
O valor de referência que aponta a normalidade do hormônio é de 20 ng/mL (nanogramas por mililitro) de prolactina presente na corrente sanguínea.
O que fazer quando acontece alguma alteração neste exame?
Quando o valor de prolactina no sangue está diferente do nível considerado normal, diferentes sintomas e efeitos podem ser notados pela pessoa.
Valores abaixo do normal não causam tanta preocupação para o médico. E para valores elevados, os especialistas costumam pedir uma segunda dosagem para confirmar a alteração.
Quando a concentração de prolactina no sangue interfere no funcionamento dos ovários em uma mulher que se encontra na fase pré-menopausa, a secreção de estradiol – o principal tipo de estrógeno – diminui. Os sintomas incluem períodos menstruais irregulares ou ausentes, infertilidade, sintomas da menopausa (ondas de calor e secura vaginal) e, após vários anos, a osteoporose.
Prolactina alta
Quando o nível desse hormônio está acima do esperado, o quadro clínico se torna mais preocupante. O aumento da prolactina pode se manifestar de diferentes maneiras.
Alguns sintomas da prolactina alta são:
- Galactorreia (liberação de leite fora do período da amamentação)
- Amenorreia (ausência de menstruação) ou oligomenorreia (aumento do tempo entre uma menstruação e outra)
- Infertilidade
- Dispareunia (dor durante o ato sexual)
- Perda da libido (o anseio ou desejo pelo ato sexual)
Ainda há a possibilidade do aumento da prolactina estar associado a um tumor que produz
o hormônio, chamado de prolactinoma. Nesse caso, os sintomas podem se manifestar através de dores de cabeça e alterações visuais.
Prolactina baixa
A ginecologista Ana Raquel Gouvêa explica que, no geral, o nível baixo de prolactina pode causar impacto clínico se ocorrer no período da amamentação, pois a baixa do hormônio no corpo está associada com a diminuição na produção de leite ou preparo inadequado das mamas durante o período gestacional.
Sintomas do aumento da prolactina
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É importante salientar que a hiperprolactinemia é um resultado de laboratório, não um diagnóstico. Define-se como valor sanguíneo elevado de PRL, em mulher não-grávida e não-lactente. É mais comumente observado em mulheres o distúrbio de hipersecreção hipofisária.
Também pudemos observar que os sintomas clínicos clínica dependem dos valores de prolactina e da sua etiologia. São aceitos valores de normalidade inferiores a 25 ng/ml. A prolactina por meio do sistema porta hipotalâmico-hipofisário, alcança a hipófise e bloqueia a produção e liberação da prolactina, ao se ligar aos receptores de membrana dos lactótrofos.
Lembrando que ela é o único dos hormônios hipofisários cujo principal mecanismo de controle hipotalâmico é inibitório controlado pelo neurotransmissor, a dopamina. Locais ligadores de prolactina no sistema nervoso central (SNC) foram identificados no hipotálamo, plexo coróide e na substância nigra.
A hiperprolactinemia pode, por mecanismos retroativos leva à hipogonadismo, e, é geralmente proporcional à elevação da prolactina. O estresse poderia ser o gatilho de alterações neuroendócrinas envolvendo dopamina e/ou serotonina, que afetam a liberação de prolactina.
Os sintomas da hiperprolactinemia resultam de três mecanismos principais:
1- Efeitos diretos do excesso de prolactina sobre seus tecidos-alvos (galactorreia);
2- Manifestações resultantes do hipogonadismo causado pela hiperprolactinemia (oligoamenorreia, infertilidade);
3- Efeitos secundários a lesões estruturais provocadas pela doença causadora da hiperprolactinemia, efeito em massa decorrente de tumores (cefaleia, distúrbios da visão).
A regulação da produção de prolactina, como endorfinas, peptídeo vasoativo intestinal, ácido gamabutírico e hormônio liberador de tireotrofina e fatores que interfiram na inibição dopaminérgica podem causar hiperprolactinemia.
O que é a síndrome galacto-amenorreia?
Denomina-se síndrome galacto-amenorreia o conjunto de sinais e sintomas decorrentes do aumento nos níveis sanguíneos de prolactina.
É verdade que a prolactina tem a capacidade de inibir a secreção do hormônio luteinizante (LH) e do folículo-estimulante (FSH) pela hipófise, que são os hormônios que agem estimulando as gônadas (testículo e ovário).
Com a diminuição do LH e do FSH, e consequente deficiência dos hormônios sexuais, pode ocorrer diminuição do desejo sexual (libido), impotência, infertilidade, menstruações irregulares (oligomenorréia) ou ausência de menstruação (amenorréia).
Em pacientes com hiperprolactinemia, a função gonadal é suprimida por interferência nos pulsos hipotalâmicos do hormônio liberador das gonadotrofinas (GnRH), redução na secreção hipofisária dos hormônios folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH) e, consequentemente, diminuição na produção estrogênica ovariana (hipoestrogenismo).
Nas mulheres em idade reprodutiva, o hipogonadismo manifesta-se por fase lútea curta, anovulação, infertilidade, amenorreia, diminuição da libido e dispareunia por menor lubrificação vaginal.
Os homens normalmente têm níveis baixos de prolactina, mas em algumas doenças eles podem estar aumentados, tais como em um tipo de tumor benigno chamado prolactinoma.
Podem apresentar disfunção erétil com diminuição do apetite sexual e infertilidade (oligospermia e diminuição do volume ejaculado), dor de cabeça e alterações visuais. Pode também ocasionar ginecomastia (desenvolvimento excessivo das mamas no homem), redução no crescimento de pelos, hipotrofia muscular e aumento da gordura abdominal.
Algumas vezes, o aumento da prolactina pode não manifestar nenhum sintoma.
Causas de Aumento de Prolactina
1 – Fisiológicas – O próprio organismo, por necessidade, aumenta a liberação de prolactina como durante o sono, no estresse físico e psicológico, durante a gravidez, durante a amamentação e no orgasmo sexual;
2 – Farmacológica – Estimulada pelo uso de medicamentos – Qualquer droga que modifique a liberação da dopamina, como explicado anteriormente, pode induzir a alterações na liberação de prolactina. Como exemplo a seguir:
– Antipsicóticos: Clorpromazina, Perfenazina e Haloperidol;
– Antieméticos ou reguladores da motilidade gástrica: metoclopramida e domperidona;
– Anti-hipertensivos: Alfa Metil Dopa;
– Antagonistas H2: cimetidina e ranitidina – Usados para o controle da secreção de ácido clorídrico no estômago;
– Opióides – São estimuladores da secreção de dopamina;
– Antidepressivos: Imipramina e Fluoxetina;
– Estrógenos: Hormônios Sexuais como o informado.
3 – Patológica – Quando envolve alterações no bom funcionamento do organismo.
– Lesões do Hipotálamo ou da Haste Hipofisária – A dopamina, como explicado anteriormente, tem a capacidade de inibição da secreção de prolactina. Em comprometimentos da ligação dela com a hipófise, (haste hipofisária), não há inibição da secreção de prolactina pela dopamina e assim a hipófise secreta prolactina em maiores quantidades.
– Tumores secretores de Prolactina – Tumores do tipo Prolactinomas, são produtores de prolactina;
– Demais lesões da hipófise – Massas tumorais que não estejam relacionadas com tumores secretores de prolactina, também podem induzir o aumento da prolactina, pois eles comprimem a haste hipofisária e portanto, diminuem a comunicação inibitória da dopamina ( conforme explicado anteriormente) e a hipófise.
– Demais Causas – Hipotireoidismo, síndrome dos ovários policísticos, estimulação periférica neurogênica, falência renal ou cirrose hepática.
A hiperprolactinemia e Sintomas psiquiátricos
É bem conhecido o efeito do estresse psicológico agudo sobre a elevação dos valores de prolactina em indivíduos saudáveis, sendo observados irregularidades menstruais, galactorreia e/ou outros sintomas de hiperprolactinemia associados com acontecimentos na vida pessoal.
A hiperprolactinemia estimularia o turnover de dopamina em várias áreas cerebrais, incluindo o núcleo arqueado, e reduz o turnover em outras regiões, por exemplo, na substância nigra.
O papel da prolactina na patogênese dos distúrbios psiquiátricos também pode refletir uma ação direta sobre o sistema nervoso central, um efeito indireto por meio de hormônios gonadais ou constituir fatores independentes, resultantes da depleção de dopamina.
Em mamíferos, a prolactina está associada com a resposta imune, diminui a temperatura corpórea e aumenta a secreção de corticosteroides. A hiperprolactinemia classicamente associada à disfunção gonadal.
Pacientes com hiperprolactinemia frequente apresentam problemas emocionais. Variações nas concentrações de prolactina no sistema nervoso central poderiam afetar o humor, as emoções e o bem-estar. Por outro lado, traços da personalidade e fatores externos ambientais podem estimular a secreção de prolactina e ter papel na gênese da doença.
Como mencionamos, em ambos os sexos são encontrados os seguintes sintomas associados à hiperprolactinemia: ganho de peso, ansiedade, depressão, fadiga, instabilidade emocional, e irritabilidade, somatização, hostilidade e/ou depressão foram, a partir dessa época, relacionadas com hiperprolactinemia.
Dentre o conhecimento de reações psicossomáticas e hiperprolactinemia, um exemplo típico é a pseudociese (gravidez psicológica), que pode ser uma ativação extratemporal do sistema neuroendócrino.
Associação entre eventos pessoais estressantes e prolactinemia
Várias investigações têm sugerido o papel de eventos pessoais estressantes sobre distúrbios endócrinos em indivíduos vulneráveis. Assies et al. (1992), ao avaliarem 14 pacientes hiperprolactinêmicas quanto a aspectos psicossociais, verificaram maior frequência de separação dos pais na infância quando comparados a 14 mulheres controles.
Sonino et al. (2004), observaram que 52 pacientes com hiperprolactinemia relatavam significativamente mais eventos pessoais estressantes que os indivíduos controles. Concluíram que na patogênese da hiperprolactinemia, o papel do estresse psicológico emocional destacava-se.
Estudos sobre a relação da hiperprolactinemia e sintomas psiquiátricos
É fato que sintomas psicológicos, especialmente ansiedade e depressão, têm sido associados à hiperprolactinemia. Para avaliar a presença desses sintomas, foram submetidos à entrevista através do Composed International Diagnostic Interview, seguido pela escala de Hamilton para depressão, 32 pacientes (5 homens e 27 mulheres) com hiperprolactinemia de várias etiologias e 16 normoprolactinêmicos.
A prolactina sérica na época da avaliação variou de 28 a 180 ng/mL, sendo que 11 dos pacientes usavam bromocriptina. Detectou-se presença atual de distúrbios de ansiedade em 18 pacientes (56,2%) e 5 controles (31,2%), depressão em 10 pacientes (31,2%) e 2 controles (12,5%), distimia em duas pacientes e outros diagnósticos psiquiátricos em 6 pacientes (18,7%).
Os escores da depressão variaram entre 16 e 31 nos pacientes e foram 12 e 16 nos controles. A frequência de sintomas psiquiátricos como um todo, foi significativamente maior nos hiperprolactinêmicos (teste do qui-quadrado), mas a diferença não foi significativa na análise isolada de ansiedade ou depressão.
A hiperprolactinemia representa um fator de risco de 3,57 para depressão, 3,32 para ansiedade e 3,84 para outros sintomas psiquiátricos. Não houve diferença significativa na frequência de sintomas psiquiátricos entre portadores ou não de adenomas hipofisários e usuários ou não de bromocriptina. Não houve correlação (r= 0,07) entre a prolactina e a frequência de sintomas psiquiátricos.
Conclui-se pela necessidade de atentar para a concomitância de hiperprolactinemia e distúrbios psiquiátricos, cujo reconhecimento permitirá abordagem terapêutica específica.
O que é hiperprolactinemia idiopática?
A denominação hiperprolactinemia idiopática é reservada para pacientes sem uma causa óbvia para o distúrbio hormonal. Na maioria das vezes, trata-se provavelmente de microprolactinomas muito pequenos, não visualizados por ressonância magnética.
Os prolactinomas são classificados de acordo com seu tamanho em microprolactinomas, se < 10mm, ou macroprolactinomas, se ≥ 10 mm. Em mulheres, a grande maioria dos prolactinomas são tumores intrasselares, pequenos, que raramente aumentam de tamanho. Homens e crianças apresentam macroadenomas na maior parte dos casos. Níveis séricos de prolactina muito elevados (acima de 250 ng/ml) são muito sugestivos da presença de um macroprolactinoma. Entre as manifestações clínicas, galactorreia é o sinal mais característico de hiperprolactinemia.
Também são comuns oligo ou amenorréia em mulheres, disfunção erétil em homens, infertilidade e diminuição da libido em ambos os sexos. Em longo prazo, o hipogonadismo causado pela hiperprolactinemia pode causar diminuição da densidade mineral óssea.
Hipopituitarismo, cefaleia e alterações nos campos visuais podem ocorrer como consequência do efeito de massa, sobretudo nos grandes prolactinomas. A dosagem de prolactina sérica deve ser solicitada para casos de infertilidade em ambos os sexos, para mulheres com galactorreia ou oligo/amenorreia e para homens com disfunção erétil ou hipogonadismo.
Na maioria das vezes, uma única dosagem é suficiente para fazer o diagnóstico de hiperprolactinemia, sobretudo se houver quadro clínico sugestivo desta anormalidade. Em casos de valores pouco elevados (20-60 ng/ml) deve-se repetir a dosagem após o primeiro resultado para confirmar a alteração, especialmente em indivíduos assintomáticos.
Perguntas frequentes para os ginecologistas
Quando o ginecologista pode suspeitar de hiperprolactinemia?
Queixas clínicas como irregularidade menstrual, galactorreia e infertilidade são os sintomas que indicam a suspeita clínica de hiperprolactinemia.
Sabe-se que há uma relação positiva entre os níveis de prolactina e o grau de inibição do eixo hipotálamo-hipófise ovariano. A irregularidade menstrual dependente desta interferência, podendo haver ciclos levemente encurtados (insuficiência lútea), ciclos longos ou amenorreia. Há casos até de amenorreia primária.
O bloqueio do eixo causa hipogonadismo hipogonadotrófico, com hipoestrogenismo e manifestações como secura vaginal, dispareunia, disfunção sexual e até redução da densidade mineral óssea.
O distúrbio ovulatório causa infertilidade. A galactorreia não é um sinal específico, podendo estar presente em indivíduos normoprolactinêmicos, ou estar ausente na presença de níveis elevados de prolactina.
Devo investigar quais as causas de hiperprolactinemia?
Os prolactinomas são a principal causa de hiperprolactinemia patológica. São denominados microprolactinomas quando menores que 1 centímetro e macroprolactinomas quando tem 1 ou mais centímetros. Outros tumores da região hipotalâmico-hipofisária podem cursar com hiperprolactinemia, seja por produção aumentada da PRL (adenomas hipofisários mistos produtores de PRL e GH ou de PRL e ACTH), seja por comprometimento da haste hipotálamo-hipofisária (adenomas hipofisários clinicamente não-funcionantes e craniofaringiomas).
Nesta última situação, são chamados de pseudoprolactinomas, já que não secretam PRL, mas interferem com o aporte de dopamina do hipotálamo para a hipófise. Lesões infiltrativas, vasculares, pós-radioterapia e sela vazia também podem causar hiperprolactinemia.
Uma causa cada vez mais frequente é a hiperprolactinemia secundária a alguns medicamentos da classe dos neurolépticos, antidepressivos tricíclicos, inibidores da monoaminoxidase, alguns anti-hipertensivos, medicamentos de ação gastrointestinal e alguns inibidores seletivos da recaptação da serotonina. É preciso lembrar ainda das drogas ilícitas (heroína, cocaína, anfetamina, morfina).
Cerca de 40% dos pacientes com hipotireoidismo primário também apresentam hiperprolactinemia e 30% dos casos de síndrome dos ovários policísticos (SOP). Também é comum na cirrose hepática ou insuficiência renal.
A denominação hiperprolactinemia idiopática é reservada quando não há causa óbvia. Trata-se, provavelmente, de microadenoma com diâmetro pequeno e não visualizado.
Citada mas nem sempre evidenciada, a hiperprolactinemia neurogênica ocorre por elevação reflexa da PRL devido a lesões irritativas da parede torácica (herpes zoster, toracotomia, queimadura, mastectomia) e por patologias do cordão medular. Excepcionalmente, há produção ectópica de PRL em gonadoblastoma, teratoma ovariano, carcinoma broncogênico e hipernefroma. Apenas para lembrar, a hiperprolactinemia é fisiológica na gravidez e amamentação, em situações de estresse, exercício e sono.
Se a paciente tiver queixa de ciclos longos ou amenorreia e galactorreia, associada ou não a infertilidade, o médico sempre irá investigar hiperprolactinemia? Como é feito este diagnóstico?
Sim, nestas situações o médico irá solicitar dosagem de prolactina. Para os ensaios mais utilizados, os níveis normais geralmente são inferiores a 25 ng/ml. Na maioria das vezes, uma única medida é adequada para diagnóstico, mas resultado pouco elevado (20-60 ng/ml) deve ser confirmado, especialmente quando não há correlação com a clínica.
A dosagem de TSH deve ser solicitada para investigar hipotireoidismo. Proceder avaliação clínica e, se necessária, laboratorial, para diagnóstico de SOP, insuficiência hepática e renal.
Se a paciente estiver com dosagens elevadas de prolactina, porém com ciclos regulares, sem galactorreia e sem nenhum outro sinal ou sintoma associado. Como o médico irá proceder?
O exame de sangue deve ser repetido e deve ser solicitada pesquisa de macroprolactina. Macroprolactina é uma isoforma de alto peso molecular da prolactina que pode interferir na dosagem desse hormônio. Constitui menos de 5% da prolactina circulante e tem baixa (ou nenhuma) atividade biológica, podendo confundir a investigação. Assim, se a proporção de macroprolactina for elevada, pode-se identificar altas concentrações de prolactina, sem que isso tenha significado clínico.
Quando será investigada a presença de macroprolactina?
A macroprolactina será investigada nas seguintes situações: casos de hiperprolactinemia em mulheres assintomáticas e naquelas com hiperprolactinemia em investigação para SOP.
Com altas concentrações de prolactina sérica, mas a paciente não apresenta sintomatologia, o médico deve desconfiar de macroprolactina. Na segunda situação, hiperprolactinemia e investigação para SOP, tanto hiperprolactinemia como SOP apresentam irregularidades menstruais. A macroprolactina auxilia no diagnóstico.
Como será feita a pesquisa de macroprolactina?
A pesquisa de macroprolactina se faz por precipitação com polietilenoglicol (PEG) ou por cromatografia em gel. A primeira deve ser o método de rastreamento. A adição do polímero PEG precipita as moléculas de macroprolactina e o sobrenadante é quantificado e representa a prolactina verdadeira. A cromatografia é utilizada se a precipitação por PEG deixar dúvidas.
Devo fazer tratamento para macroprolactinemia?
A princípio, a presença de macroprolactinemia não tem necessidade de tratamento, sendo considerada um viés laboratorial.
Se a pesquisa de macroprolactina for negativa e eu apresentar hiperprolactinemia verdadeira e sintomas, qual o próximo passo?
O médico irá então, afastar causas medicamentosas, patológicas ou fisiológicas. Após isso, deve-se proceder à investigação por técnicas de imagem, sendo de eleição a Ressonância Magnética (RM) de Hipófise.
A tomografia computadorizada (TC) é menos efetiva para a identificação de tumores, principalmente dos microprolactinomas, sendo indicada na impossibilidade ou contraindicação da RM (9). Correlacionar dados clínicos, laboratoriais e de imagem antes de iniciar tratamento.
Como devo tratar a hiperprolactinemia por adenoma produtor de prolactina?
Geralmente os prolactinomas respondem bem a tratamento farmacológico. São objetivos do tratamento: redução dos níveis de prolactina, correção dos sintomas, restabelecimento da função gonadal, do hipoestrogenismo e da fertilidade, redução do volume tumoral e de efeitos compressivos.
O tratamento utiliza agonistas dopaminérgicos, sendo disponíveis em nosso país a cabergolina e a bromocriptina. A droga de escolha é a cabergolina, com forte efeito inibitório sobre a secreção de prolactina e menos efeitos colaterais, além de ter duração prolongada permitindo doses uma a duas vezes por semana.
Como sugestão, o médico poderá iniciar tratamento com cabergolina com um comprimido de 0,5 mg uma vez por semana ou dividir em duas tomadas semanais (meio comprimido).
Aos poucos ele vai acertando a dose com novas dosagens de prolactina, aumentando meio comprimido semanal enquanto houver sintomas e os níveis se mantiverem elevados. O exame de imagem deve ser repetido geralmente em 12 a 24 meses; repetição com maior frequência apenas em situações específicas.
Se o meu diagnóstico sintomático for hiperprolactinemia idiopática, como o médico deverá tratar?
O tratamento é através de agonistas dopaminérgicos, da mesma forma que nos prolactinomas.
Como acompanhar o tratamento medicamentoso da hiperprolactinemia?
Sugere-se:
- Medir níveis de prolactina um a dois meses após início do tratamento
- Adequar gradativamente a dose do agente dopaminérgico, guiada pela clínica e dosagem de prolactina, até reversão da sintomatologia e do hipogonadismo
- Repetir RM dependendo da causa e da necessidade clínica, mais frequentemente nos macroadenomas. Campo visual em macroadenomas com risco de compressão do quiasma óptico ou com perda de campo visual.
- Avaliar perda óssea na amenorréia hipoestrogênica prolongada.
Como o médico irá proceder se a hiperprolactinemia for por uso de medicamentos?
O ideal seria dosar prolactina antes de iniciar o medicamento e 3 meses após. Níveis que se elevam após iniciar a medicação sugerem tranquilidade quanto à causa, priorizando a troca da medicação, quando possível, por medicamento sem este efeito.
Não sendo possível, está indicado usar ciclo substitutivo com estrogênio e progestagênio para repor esteroides sexuais e minimizar efeitos do hipoestrogenismo. Em mulheres com prolactina elevada sem avaliação anterior, é preciso afastar causa tumoral.
E quando há aumento de prolactina e de TSH?
É provável que a hiperprolactinemia seja secundária ao hipotireoidismo, quando a elevação do hormônio liberador da tireotrofina (TRH), que estimula a secreção do TSH, também estimula a prolactina. Deve-se tratar o hipotireoidismo e reavaliar a prolactina quando normalizado, uma vez que os níveis de prolactina tendem a se normalizar.
O Ministério da Saúde produziu uma cartilha de Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para tratamento de hiperprolactinemia em novembro de 2015.
Prolactina nos homens
É verdade que este hormônio também está presente no organismo masculino. Entre suas funções, a prolactina age como um relaxante corporal após o orgasmo. Quando o valor da prolactina aumenta significamente, ela também pode causar consequências graves no corpo masculino.
- Impotência sexual
- Perda da libido
- Infertilidade
Estudos sobre o aumento da prolactina nos homens
Em homens, macroprolactinomas predominam em relação aos microprolactinomas e têm maior invasividade que nas mulheres. O tratamento clínico é a primeira opção tanto em macro como em microadenomas, independente do sexo.
Comparamos apresentação clínica, níveis de prolactina, invasividade neurorradiológica e resposta da prolactinemia em 42 homens com prolactinomas, 23 com terapia clínica (grupo 1) e 19 que também utilizaram tratamento cirúrgico e/ou radioterápico (grupo 2).
Os dados obtidos foram submetidos a análise estatística utilizando-se os testes de qui-quadrado ou exato de Fisher para comparações de proporções. Para comparar médias foi aplicado o teste t de Student ou, na ausência de distribuição normal ou com número pequeno de eventos, o não paramétrico de Mann-Whitney. O nível de significância adotado foi de 5% (p<0,05).
Os grupos foram similares para idade (p=0,23), período entre primeiro sintoma e diagnóstico (p=0,82), níveis de prolactina pré tratamento (p=0,41) e proporção de macroadenomas invasivos (p=0,096). Ocorreu percentual significativamente maior de cefaleia (p=0,009), déficit visual (p=0,025), tempo de terapia (p=0,007) e período de acompanhamento (p=0,0005) no grupo 2.
Variações dos níveis de prolactina antes e após terapia não apresentaram diferença significativa nos grupos (p=0,49), nem o percentual de normalização da prolactina após tratamento (p=0,20). Concluímos, enfatizando a importância do diagnóstico precoce do prolactinoma em homens, tendo em vista a morbidade demonstrada, e reforçamos a necessidade do uso do agonista dopaminérgico como opção terapêutica inicial independente do tamanho do adenoma.
O aumento crônico da prolactina em homens também está associado com diminuição dos testículos e diminuição de hormônios sexuais masculinos.
Os valores normais da prolactina no homem são menores que 10 a 15 ng/mL, mas pode atingir valores muito maiores devido a doenças, uso de medicamentos que tenham este efeito colateral, ou devido a um tumor o cérebro.
Sintomas do aumento da prolactina no homem
A saída de leite pelo mamilo do homem, pode estar presente em alguns casos, podendo ser observada quando o médico pressiona a região mais escura da mama. Outros sintomas são:
- Diminuição do desejo sexual;
- Impotência sexual;
- Diminuição do número de espermatozoides;
- Redução dos níveis de testosterona;
- Aumento das mamas e secreção de leite, pode acontecer raramente.
Outros sinais e sintomas menos comuns são a dor de cabeça, alterações na visão devido a atrofia do nervo óptico e paralisia de pares cranianos, que são mais frequentes nos homens do que nas mulheres, provavelmente porque nos homens os tumores geralmente são maiores que nas mulheres.
Causas do aumento da prolactina no homem
Alguns exemplos de remédios que levam ao aumento da prolactina masculina são:
- Antidepressivos: alprazolam, fluoxetina, paroxetina;
- Remédios para epilepsia: haloperidol, risperidona, clorpromazina;
- Remédios para o estômago e enjoo: cimetidina e ranitidina; metoclopramida, domperidona e cisaprida;
- Remédios para pressão alta: reserpina, verapamil, metildopa, atenolol.
Além dos remédios, os tumores da hipófise, chamados de prolactinomas, também podem causar aumento da prolactina no sangue. Doenças como sarcoidose, tuberculose, aneurisma e radioterapia na cabeça também podem estar envolvidos, assim como a insuficiência renal, cirrose hepática e hipotireoidismo.
Exame da prolactina para homens
Como citado anteriormente, nos homens os valores da prolactina devem ser de no máximo 20 ng/mL, e quanto maior esse valor, maior o risco do tumor, chamado prolactinoma.
Ao observar este aumento no exame de sangue o médico pode solicitar exames de imagem para avaliar melhor a glândula. Exames que também podem ser solicitados são o Raio-X da cabeça e a Ressonância Magnética.
Tratamento para baixar a prolactina
O tratamento é indicado para combater a infertilidade, os problemas sexuais e fortalecer os ossos. Para isso pode ser preciso tomar medicamentos como Bromocriptina e Cabergolina (lisurida, pergolida, quinagolida).
A cirurgia é indicada para retirar o tumor, quando este é grande ou está aumentando de tamanho. A radioterapia nem sempre é indicada porque a taxa de sucesso não é muito alta.
O exame deve ser repetido a cada 2 ou 3 meses no primeiro ano de tratamento, e a seguir a cada 6 meses ou de ano a ano, como o endocrinologista preferir.
Quando a causa da prolactina alta é associada a um tumor, o tratamento mais
recomendado é o cirúrgico. Porém, na maior parte dos casos, o tratamento pode ocorrer de forma clínica, através de medicações que inibem a produção do hormônio.
Ginecologistas ressaltam que o histórico médico do paciente deve ser levado em consideração na hora de diagnosticar e tratar a alteração do hormônio, pois diversos antidepressivos e antipsicóticos tem como efeito colateral o aumento da prolactina.
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